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Medicamento para diabetes e 'milagre' contra a obesidade chega a AL

Alagoanos que vão tomar o Mounjaro precisam ficar atentos à hidratação, alimentação adequada e efeitos colaterais

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Imagem ilustrativa da imagem Medicamento para diabetes e 'milagre' contra a obesidade chega a AL
| Foto: divulgação: Lilly

O medicamento para diabetes que virou a sensação do momento para tratar a obesidade – comparado até a cirurgia bariátrica por seu potencial na perda de peso – chegou a Alagoas. É o Mounjaro, disponível primeiramente nos canais oficiais das redes de farmácia e depois comercializado nas lojas físicas, a partir dos próximos dias.

Já é possível fazer o pedido por telefone, comprar pelo aplicativo da farmácia ou pela plataforma digital de delivery de comida. Em um dos estabelecimentos que oferece o medicamento em Maceió, a dosagem de 5 mg tinha acabado no início da semana passada e outro oferece a oportunidade de parcelamento em até 10 vezes.

Enquanto isso, a demanda por receita nos consultórios médicos aumenta a cada dia para garantir o medicamento que pode custar perto de R$ 2 mil uma caixa. E as farmácias se preparam para atender a clientela e vender muito, apesar dos altos preços, mesmo com o receio de que a grande procura e o preço do produto chamem a atenção dos criminosos.

Redes fazem entrega

A rede Pague Menos informou à Gazeta que não há fila de espera pelo medicamento, já disponível para a venda por meio dos canais oficiais. Em Alagoas, a previsão é que as lojas físicas do estado recebam o Mounjaro a partir da próxima semana.Sobre os preços do produto, podem partir de R$ 1,4 mil para a dose de 2,5 mg, e ultrapassem os R$ 1,7 mil para dose de 5 mg, com quatro seringas (canetas), já com o desconto de laboratório. Um detalhe é que o preço pode variar de acordo com a alíquota de cada estado. No processo de compra, segundo informação da rede Pague Menos, cada cliente poderá adquirir até duas unidades do produto por CPF.

Já as farmácias da RD Saúde (Raia e Drogasil) iniciaram a comercialização pelos canais digitais com exclusividade para São Paulo no dia 3 de maio e nas lojas físicas, no dia 5. A distribuição para as unidades em todo o país começou no último dia 6. Para saber se o produto chegou à região ou à unidade de preferência, assim como o preço, é possível fazer a consulta pelo site ou aplicativo da Raia e Drogasil.

Utilização off label

O médico endocrinologista e doutor em biotecnologia, Jhony Willams Gusmão, considera o Mounjaro uma medicação excelente, bem estudada e segura, quando bem indicada. “O Mounjaro é aprovado em bula no Brasil para tratar diabetes em pacientes com obesidade. A gente pode utilizar ele off label para tratamento de obesidade, mesmo no paciente sem ser diabético”, disse.

Segundo Jhony Willams, o paciente que fizer uso do Mounjaro precisa tomar os cuidados necessários como hidratação, alimentação adequada e ficar atento aos efeitos colaterais. “Até porque querendo ou não você está usando uma medicação para perda de peso, então, a alimentação é importante nesse sentido, consumo de proteína adequado, manejo dos efeitos colaterais e naturalmente o acompanhamento médico, justamente para você poder gerir bem esses efeitos colaterais que podem acontecer”, afirma o endocrinologista.

Ozempic x Mounjaro

Sobre o Ozempic e o Mounjaro, Jhony diz que considera “meio injusta” a comparação entre as duas medicações que apesar de serem e terem o mesmo objetivo são diferentes.

Análises publicadas após repercussão envolvendo os dois medicamentos detalham que a diferença entre Ozempic (semaglutida) e tirzepatida (Mounjaro) está no mecanismo de ação. A semaglutida é um agonista do receptor GLP-1, imitando a ação do hormônio GLP-1 para controlar a glicose no sangue e promover saciedade.

Já a tirzepatida, por outro lado, é um agonista duplo, atuando tanto nos receptores GLP-1 quanto GIP, o que pode levar a um efeito mais amplo no controle da glicose, na redução de peso e no melhor controle do apetite. Ou seja, o Mounjaro age em dois hormônios, enquanto o Ozempic age em um.

“Então se a gente pega uma medicação que age em dois hormônios naturalmente ela vai ser superior a uma medicação que age apenas em um hormônio. São medicações que se propõe ao mesmo objetivo, mas que são diferentes. Agora quando a gente pega estudos de desempenho, naturalmente, o Mounjaro vai performar melhor do que o Ozempic”, diz o endocrinologista.

À venda

Em média o custo do Mounjaro de 5 mg está a 1,7 mil a caixa, mas pode chegar a R$ 1,9 mil, como a Gazeta checou com uma farmácia no bairro Feitosa, em Maceió. Lá, eles dividem em até 10 vezes no cartão.

“Já receitei para alguns pacientes para comprar quando estiver disponível. Tem que ter diagnóstico de obesidade ou sobrepeso com comorbidades. Mas lembro que em bula a medicação é apenas para diabetes. Alguns profissionais podem usar para tratar obesidade, mas de forma off label”, diz o endocrinologista.

Para a perda de dez quilos, por exemplo, não é possível prever o tempo de tratamento e a quantidade de canetas que deverão ser utilizadas. “Tem paciente que já consegue essa perda com 2 canetas e outros precisam de várias”, avalia Jhony.

O termo “off label” pode ser traduzido como “fora da indicação”. A prática consiste em prescrever um medicamento para usos diferentes daqueles descritos na bula. Isso acontece porque, quando uma medicação é desenvolvida, ela passa por diversos testes até ser aprovada pelas agências reguladoras.

Atrativo para o crime

Na opinião do farmacêutico e integrante do Conselho Regional de Farmácia (CRF) Carlos Tavares, a Mounjaro vem com uma proposta inovadora muito boa, para fazer o controle glicêmico de pacientes diabéticos e obesos.

“Realmente ela é muito eficaz, como os estudos mostram. Só que a gente percebe que tem uma procura muito grande não para tratar diabetes e sim para reduzir o peso. A gente acredita que mais tardar na semana que vem ela esteja aqui nas lojas, nas farmácias, para poder ser vendida”, disse Carlos Tavares.

O farmacêutico afirma que existe também uma grande preocupação da categoria quando se fala da segurança dos estabelecimentos, porque se trata do armazenamento de um produto de alto valor e muita procura. “Então a gente fica receoso na questão de assaltos, de furtos, como já aconteceu em outras regiões do país”, diz Tavares.

463 milhões com diabetes

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Tirzepatida (mounjaro) destina-se a ser um tratamento adjuvante à dieta e exercícios para melhorar o controle glicêmico em adultos com diabetes mellitus tipo 2.

O diabetes é um problema de saúde global que afeta aproximadamente 463 milhões de adultos (20 a 79 anos de idade) mundialmente. E é uma das principais causas de insuficiência renal, cegueira, amputação e doença cardiovascular. E essas complicações são as principais causas de óbito na maioria dos países.

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