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sexta-feira, 23/05/2025 | Ano | Nº 5972
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AFUNDAMENTO DO SOLO

Mapeamento identifica mais de 400 lugares culturais em bairros atingidos pela mineração em Maceió

Projeto mapeia mais de 300 fazedores de cultura nos bairros de de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro

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A memória cultural dos bairros destruídos pelo afundamento do solo em Maceió começa a ganhar novos caminhos de preservação. O Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas recebeu a apresentação oficial do Inventário Participativo do Patrimônio Cultural Imaterial (IPCI Maceió), um projeto conduzido pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com execução da Fundepes e apoio do acordo socioambiental firmado com a empresa Braskem e a Prefeitura de Maceió.

Com metodologia participativa, o IPCI Maceió mapeou mais de 300 fazedores de cultura e identificou mais de 470 lugares de referência cultural, construindo o mais completo banco de dados já elaborado sobre o patrimônio imaterial desses territórios.

A iniciativa representa um marco na tentativa de preservar os saberes, práticas e referências culturais dos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro — comunidades historicamente ativas, mas que foram desestruturadas pela tragédia ambiental provocada pela mineração de sal-gema.

A procuradora da República Juliana Câmara, uma das responsáveis pelo acompanhamento do projeto, classificou o acervo como um feito sem precedentes. “Estamos diante de um banco de dados único no estado. É uma oportunidade ímpar para fortalecer as práticas culturais locais e integrá-las a políticas públicas e ações turísticas que respeitem essa memória viva”, afirmou.

Durante a apresentação ao MPF, foram detalhadas proposições para garantir a continuidade das manifestações culturais, mesmo após a desterritorialização dos moradores. Entre as sugestões estão a criação de um Centro de Referência e Memória, a inclusão de mestres culturais em programas de valorização como o Registro do Patrimônio Vivo, o financiamento de grupos afetados e a revitalização ambiental das áreas atingidas com ênfase na memória coletiva.

O IPCI Maceió é uma das entregas previstas no acordo socioambiental firmado com a Braskem, após os danos provocados pela mineração. Para o MPF, a iniciativa é exemplo de como recursos provenientes de ações de responsabilização podem ser aplicados com rigor técnico e respeito à população atingida, promovendo reparação simbólica e cultural.

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