ESTATÍSTICA
Alagoas tem 33.143 pessoas com transtorno do espectro autista
Dados do IBGE mostram que 1,1% da população do estado TEA; maioria são homens entre 5 e 9 anos


Com um ano e meio, Adônys ainda não falava. Ele andava na ponta dos pés e tinha foco intenso em dinossauros. A Gabi não atendia os chamados e tinha mania de enfileirar. As características são de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que em Alagoas são 33.143, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados inéditos nessa sexta-feira (23) como parte do Censo 2022. Junto, esse contingente, corresponderia a 16ª maior cidade de Alagoas.
Os números mostram que 1,1% da população alagoana tem TEA. São 19.716 do sexo masculino e 13.427 do feminino. Quando analisada a questão racial, a maior parte das pessoas com TEA em Alagoas são pardas (19.446). Brancos são 10.898, pretos são 2.610, indígenas são 153 e 36 amarelos.
Murici é a cidade com o maior percentual de pessoas com TEA na população (2%). Na outra ponta desse ranking está Dois Riachos, com 0,3%. O grupo etário com mais diagnósticos é o de 5 a 9 anos, com 5.401, sendo 4.168 meninos. Os mais velhos são quatro anciãos com idade entre 95 e 99 anos.
Da população alagoana com 25 anos ou mais e diagnosticada com TEA, 9.360 está no grupo de sem instrução ou com ensino fundamental incompleto. Os que têm ensino médio completo e superior incompleto são 2.642. Fundamental completo e médio incompleto é a escolaridade de 1.571. Apenas 1.380 têm ensino superior completo.
Gabrielle do Egito Cruz, de 16 anos, mora em Maceió, tem TEA, e está no 3º ano do ensino médio. Ela fala coreano — que aprendeu sozinha — inglês, espanhol e japonês. Se tivesse acreditado na afirmação da diretora da antiga escola, que disse que Gabrielle nunca ia acompanhar os coleguinhas de turma, a família não veria o resultado atual.
Gabi mora com a irmã Anne do Egito Cruz, de 24 anos, que é estudante de psicologia, e com o pai Ailton Cruz, de 67 anos. “Gabi teve toda fase de desenvolvimento normal de uma criança. Só depois ela começou a entrar em um processo de regressão, isso já com, mais ou menos, um ano e meio. Você chamava e era como se ela não estivesse lhe ouvindo, mas ela estava lhe ouvindo, só não estava querendo lhe dar atenção. E tinha mania de enfileirar, né? Todas as características do autista. De enfileirar, de ser tudo do jeitinho dela”, relembra Anne.
A irmã conta que ela tem uma rotina tranquila. “Ela adora passar tempo desenhando, pesquisando desenhos. Ela faz desenho de personagem, adora fazer histórias em quadrinhos”, detalha.