MONITOR DE SECAS
Seca atinge 100% do território alagoano pela primeira vez em 2025
Porção do estado com seca moderada saltou de 6% para 38%, o maior índice desde dezembro de 2024

Pela primeira vez em 2025, o estado de Alagoas registrou seca em 100% do seu território, segundo a atualização mais recente do Monitor de Secas, divulgado esta semana. Entre os meses de março e abril, a área afetada cresceu de 77% para a totalidade do estado, ou seja 100% do território, marcando o avanço mais expressivo do fenômeno no Nordeste brasileiro.
Além da expansão territorial, a severidade da seca também aumentou significativamente. A porção do estado com seca moderada saltou de 6% para 38%, o maior índice desde dezembro de 2024, quando 35% de Alagoas estava sob seca grave.
O cenário coloca Alagoas entre os oito estados brasileiros com 100% do território atingido pela estiagem em abril, ao lado do Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.
Nordeste lidera índice de severidade
A seca se intensificou principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país entre março e abril. O Nordeste aparece com o quadro mais crítico: 29% da região enfrentam seca classificada como grave. Entre os estados nordestinos, Alagoas, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe registraram aumento da área afetada.
Plantio de milho atrasado e safra menor
A estiagem também está provocando impactos diretos na produção agrícola. Em especial, o plantio do milho verde, importante para a alimentação e para as festas juninas, foi atrasado nas regiões mais atingidas pela falta de chuva — e a expectativa é de queda na safra este ano.
Segundo o agrônomo e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Samuel Silva, os dados foram coletados por meio de sensores meteorológicos instalados em diferentes áreas do estado.
“Vamos coletar dados como chuva, temperatura do ar, umidade, velocidade do vento, intensidade da radiação solar e esses dados são utilizados para estimar a necessidade de água dos cultivos agrícolas, como o milho, por exemplo”, explica o professor.
Em municípios do Sertão, como Piranhas, o impacto é visível nos números. Enquanto entre março e maio de 2024 choveu 575 milímetros, no mesmo período deste ano o volume foi drasticamente menor: apenas 173 milímetros — uma redução de quase 70%.