loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quarta-feira, 28/05/2025 | Ano | Nº 5976
Maceió, AL
24° Tempo
Home > Cidades

A TERRA ESTÁ VIVA

Barreira ameaça deslizar e comunidade pode desaparecer em Coqueiro Seco

Mais de 300 pessoas vivem sob risco iminente de soterramento

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Com solo encharcado, barreira começou a deslizar em comunidade
Com solo encharcado, barreira começou a deslizar em comunidade | Foto: Ailton Cruz

A comunidade do Alto do Céu, em Coqueiro Seco, na região Metropolitana de Maceió, enfrenta a ameaça iminente de desaparecer. A cada chuva intensa, a barreira do povoado Cadoz cede, destruindo casas e os sonhos de cerca de 300 moradores, em sua maioria pescadores e marisqueiros que habitam a encosta há duas décadas.

“A terra está viva, se movendo. Se a chuva persistir, tudo pode desmoronar”, alertou a marisqueira Maria do Carmo Soares, expressando o temor de quem vive no local.

Após mais de 560 milímetros de chuva acumulada em uma semana, o solo encharcado começou a deslizar, arrastando residências e aterrorizando famílias. Apesar do histórico de deslizamentos na região, as medidas preventivas adotadas foram insuficientes ou abandonadas após o inverno.

Seis casas já colapsaram. Moradores escaparam guiados apenas pelos ruídos do terreno em movimento, sem alertas oficiais. O pescador Heraldo da Silva, que teve parte de sua residência destruída, teme o pior: “A barreira pode desabar e atingir minha casa e outras cinco”. Cícero da Silva, também pescador, resume a impotência: “Não saio porque não tenho para onde ir.”

As escadarias e galerias construídas em 2023 se mostraram ineficazes. “Este ano, a chuva foi excessiva. Ninguém conseguiu descansar”, relatou o pescador Juvenal, cobrando esclarecimentos das autoridades. “Eles inspecionaram, mas só entregaram lonas.”

Vistorias

No último fim de semana, vistorias do Ministério Público, Judiciário e Defesa Civil confirmaram a instabilidade do terreno. “A comunidade precisa ser removida urgentemente, antes de um deslizamento em grande escala”, alertou o coordenador da Defesa Civil, Edwardo Rocha. Apesar disso, a medida imediata segue sendo a distribuição de lonas.

Com 5.581 habitantes, Coqueiro Seco depende da pesca artesanal e da cana-de-açúcar. O aumento do nível da Lagoa Mundaú ameaça a produção de mariscos, agravando a crise econômica local.

O governo estadual anunciou uma parceria para desapropriar a área e construir moradias seguras, mas sem prazo definido. Enquanto isso, os moradores do Alto do Céu permanecem sob risco constante.

Outros cinco municípios alagoanos — Marechal Deodoro, Passo do Camaragibe, Rio Largo, São Luís do Quitunde e Satuba — também enfrentam emergência devido às chuvas que caem desde a semana passada.

Relacionadas