CRIME NO PRADO
Governador determina investigação sobre fuga de major que matou filho e cunhado em Maceió
Militar da reserva Pedro Silva, de 58 anos, fez cinco reféns na casa de sua irmã no bairro do prado e morreu baleado pelo Bope


O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), determinou ontem a abertura imediata de uma investigação para apurar as circunstâncias que permitiram a fuga do major da reserva Pedro Silva, de 58 anos, da Academia da Polícia Militar Senador Arnon de Mello, em Maceió, que matou duas pessoas e depois morreu baleado pela polícia no bairro do Prado, em Maceió, no último sábado (7).
A determinação foi feita ao comandante-geral da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL), coronel Paulo Amorim, e serão designados três delegados da Polícia Civil, pelo delegado-geral Gustavo Xavier, para investigar o caso.
O major estava preso desde janeiro deste ano por violência doméstica contra a ex-companheira. Após conseguir deixar a academia utilizando os filhos como subterfúgio, o militar invadiu a residência de familiares da ex-mulher e manteve cinco pessoas como reféns. Entre eles estavam a ex-esposa, os dois filhos do casal, de 3 e 10 anos, a irmã dele e o cunhado — o sargento aposentado Altamir Moura Galvão de Lima, de 61 anos.

O militar da reserva assassinou o filho de 10 anos, Pierre Victor Pereira Silva, e o cunhado, antes de ser morto pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A ex-companheira, a cunhada dela e o filho mais novo foram resgatados com vida.

FUGA
Pedro havia recebido autorização para passar o dia com os filhos na academia militar. A ex-companheira, que estava em Maceió para prestar depoimento em um processo administrativo contra ele, ficou aguardando na casa da cunhada.
Durante a visita, ele aproveitou um momento de descuido para fugir. Na rua, teria abordado o amigo que havia levado as crianças ao local, o obrigou a conduzi-lo até a residência da ex-mulher e o feriu com uma facada na mão ao tentar resistir. O homem conseguiu fugir.
Ao chegar à casa, Pedro iniciou o sequestro da família. Durante cerca de duas horas de cárcere, ele enviou vídeos a uma filha de 32 anos.
Policiais do Bope e o secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL), Patrick Madeiro, participaram das negociações. “É um local extremamente horrível de se ver, praticamente uma carnificina, onde um elemento em surto psicótico, de forma totalmente destemperada, toma refém a sua família, é o pior cenário em ocorrência policial que qualquer polícia do mundo pode tratar", relatou momentos após o crime.
Comoção e revolta marcam sepultamento de sargento
O corpo do sargento Altamir Moura Galvão de Lima foi sepultado na manhã desta segunda-feira (9), no Cemitério de São José, no Trapiche da Barra, e reuniu familiares e amigos para a última despedida. O momento foi marcado por comoção e também por revolta com o crime.
Também nessa segunda foi enterrado o corpo do major Pedro Silva, em um cemitério na parte alta de Maceió. A família não deu detalhes do local nem do horário do sepultamento.
Um sobrinho do major e filho de Galvão, Arrisson Luan Galvão, contou que o tio era bastante agressivo com a ex-mulher e com outras com quem namorou e casou, inclusive, já tendo atirado na perna de uma delas. Diversos episódios violentos foram vivenciados pela família em Palmeira dos Índios, onde a ex-mulher morava com as crianças.
"Minha mãe e a minha tia conseguiram correr para se trancar no quarto, que tinha uma janela que dava para a cozinha. Meu tio começou a quebrar a janela para entrar por lá. Nesse momento, ele usou as crianças para fazer chantagem emocional com a mãe delas, cortando o cabelo dos meninos e passando a mutilar o de 10 anos, passando a faca no braço dele. As crianças não estavam entendendo a situação", explicou Arrisson.
O enterro do menino de 10 anos, filho do major, está marcado para esta terça-feira (10), em Palmeira dos Índios, onde ele morava.