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Nº 5900
Cidades

Sistema de cotas completa quatro anos

Criado em 2004 para minimizar os efeitos de uma desigualdade social histórica que se reflete na dificuldade de acesso do negro ao ensino superior, o sistema de cotas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) completa quatro anos e chega à metade de sua tr

Por | Edição do dia 23/11/2008 - Matéria atualizada em 23/11/2008 às 00h00

Criado em 2004 para minimizar os efeitos de uma desigualdade social histórica que se reflete na dificuldade de acesso do negro ao ensino superior, o sistema de cotas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) completa quatro anos e chega à metade de sua trajetória com um nível de concorrência que gera mais uma interrogação: até que ponto é vantajoso concorrer a uma vaga na universidade, pelo sistema de cotas? A resposta está na avaliação dos números relacionados à procura de cada curso nesses últimos anos, pela cota racial. Se por um lado o sistema assegura aos afro-descendentes a possibilidade de ocupar 20% das vagas oferecidas em todos os cursos no vestibular, por outro lado, a concorrência entre eles, sobretudo em alguns cursos das áreas de ciências humanas e exatas, acaba sendo muito superior à concorrência geral. ### Para estudante, modalidade pode ser uma “armadilha” A decisão sobre optar ou não pelo sistema de cotas não é tarefa fácil. O estudante Renato Souza pensou em fazer o curso de Enfermagem, mas achou que a concorrência seria muito grande. Optou por outro curso e se surpreendeu. Pela cota masculina, o curso de sua preferência apresentou uma concorrência baixa (6,2), bem menor do que acabou escolhendo. “Às vezes não dá para avaliar. A gente pensa que vai se dar bem, e sai em desvantagem. Cai numa armadilha”, diz ele. Na avaliação da professora Clara Suassuna, o sistema de cotas não pode ser comparado a uma armadilha. Do ponto de vista social, segundo ela, tem cumprido um papel muito importante de mudança no perfil da universidade. Desde 2004 esse sistema garante que pelo menos 20% das vagas de ingresso na Universidade Federal sejam reservadas aos afro-descendentes. “A disputa é entre pares, em condições de igualdade”, observa. ### Em 2004, Medicina liderava disputa Desde que foi instituído o sistema de cotas, a procura tem aumentado gradativamente em quase todos os cursos. No vestibular de 2004, o primeiro com vagas reservadas a alunos cotistas, o curso mais procurado por candidatos que se declararam afro-descendentes na cota feminina foi Enfermagem: 24,6 por vaga. Mesmo assim, foi menor do que a concorrência geral que, naquele ano, bateu o recorde de 28 por vaga, igual a Medicina. Em compensação, para os homens que concorreram pela cota masculina, naquele ano, a oportunidade de ingresso no curso de Enfermagem foi quatro vezes menor que a média geral: 6,6 por vaga. No curso de Educação Física noturno, 55 candidatos disputaram duas vagas da cota masculina, enfrentando uma concorrência entre si, de quase 28 por vaga, enquanto no geral não chegou a 15, e na cota feminina ficou abaixo de 7. ### Mulheres optam pela área de saúde Os quadros de inscrição dos últimos processos seletivos para ingresso na universidade mostram uma tendência clara da opção da mulheres pelos cursos da área de saúde e, dos homens, pelas áreas de exatas, jurídica, computação e alguns cursos de educação. Por outro lado, os números indicam que, para os homens negros, disputar uma vaga como cotista nos cursos de Serviço Social, Nutrição, Enfermagem, Psicologia e Odontologia, é uma verdadeira pechincha, com concorrência bem abaixo da geral. Da mesma forma, para as mulheres que concorrem pelo sistema de cotas, nos cursos de Agronomia, Arquitetura, Ciências da Computação e Engenharia. ///

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