ESTUDO
Após achar microplásticos em bebês, pesquisa alerta sobre uso de recipiente
Pesquisadores reforçam a urgência de repensar o uso excessivo de plásticos


Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) detectou a presença de microplásticos em placentas e cordões umbilicais. O estudo, pioneiro no País, reforça a urgência de repensar o uso excessivo de plásticos e ampliar as investigações sobre suas consequências.
O professor Alexandre Borbely, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e coordenador da pesquisa, afirmou que o achado mais surpreendente foi a presença de microplásticos nos cordões umbilicais, algo inédito no Brasil, considerando que já existem estudos apontando a existência desse material em placentas e outras partes do corpo humano.
A pesquisa preliminar analisou dez gestantes usuárias do SUS em Alagoas, coletando as placentas e os cordões umbilicais de seus bebês. A meta é que os estudos alcancem mais de 200 mulheres antes de serem concluídos.
“O que acontece é que a gente acha mais plástico no cordão do que na placenta, mostrando que, na reta final da gravidez, os microplásticos atravessaram e chegaram aos bebês. Então, em nove meses de gestação, o quanto de material não atravessou? Nós levantamos essa questão no nosso estudo”, afirma Borbely.
COMO CHEGARAM ATÉ LÁ?
Ainda não há estudos conclusivos sobre como os microplásticos chegaram aos cordões umbilicais, mas algumas hipóteses são consideradas. O mesmo vale para os efeitos que essa presença pode causar em placentas e cordões.
“Não temos como dizer como cada microplástico entrou no organismo humano, mas temos como trazer hipóteses. As mais aceitas estão relacionadas ao consumo de alimentos e água contaminados, além da inalação pelo ar. Existe também a via de absorção pela pele, mas essa parece a menos provável no nosso caso, pelo tamanho e forma dos microplásticos observados”, explica o professor.
Os riscos para a humanidade ainda são desconhecidos e, segundo o pesquisador, a resposta para essa pergunta deve demorar, dada a complexidade do tema.
“Convenhamos, se eu tenho diversos produtos químicos passando pela placenta e interagindo com células-tronco dos bebês dentro do útero, é praticamente certo que alguma alteração essas células vão sofrer, pois esses contaminantes não deveriam estar lá em um período tão sensível”, afirma.
Borbely ressalta que, embora preocupante, aparentemente não é possível eliminar completamente os microplásticos do planeta.
A pesquisa conta com apoio do Governo de Alagoas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)