TRATAMENTO
Abusos e irregularidades em instituição terapêutica acendem alerta em Alagoas
CRM e Seprev reforçam que tratamento deve seguir normas da Anvisa e ser supervisionado por médico

Um lugar que deveria ser abrigo de esperança e tratamento se revelou espaço de dor e medo. É o caso da Clínica Luz e Vida, em Marechal Deodoro, onde ex-internos relataram ter vivido cárcere privado e torturas físicas e psicológicas. A situação ganhou contornos ainda mais graves com a morte de uma paciente dentro da unidade, que está sob investigação.
A proprietária da clínica foi presa em flagrante no dia 15 de agosto, suspeita de conivência no caso de uma adolescente de 16 anos que teria sido abusada sexualmente pelo marido dela. Ele foi preso nessa sexta-feira (22). Há ainda relatos de agressões contra outros internos, como o de um homem que afirmou ter as costelas quebradas.
Um dos ex-pacientes contou ter presenciado cenas de violência: “Cheguei a ver várias vezes uma moça sendo espancada”, relatou.
Alagoas possui 22 Comunidades Terapêuticas Acolhedoras vinculadas ao governo do Estado, com 750 vagas para o tratamento de dependentes químicos. Dezenove estão cadastradas no Conselho Regional de Medicina (CREMAL). Os acolhimentos têm duração média de 120 dias.
A clínica investigada não é registrada no CREMAL e não tem ligação com o governo, segundo as instituições.
As comunidades estão em Palmeira dos Índios, Joaquim Gomes, Rio Largo, Água Branca, Arapiraca, Feira Grande, Marechal Deodoro, Campo Alegre, Santana do Ipanema, Penedo, Craíbas, Coité do Noia, Quebrangulo e Teotônio Vilela, garantindo cobertura em todo o estado.
Segundo a Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev), a Rede Acolhe encaminha mais de 6 mil pessoas para tratamento. “É um trabalho que busca a possibilidade de um recomeço”, afirmou a pasta.
As comunidades seguem a Resolução da Diretoria Colegiada nº 29/2011 da Anvisa. O acesso é presencial nos Centros de Acolhimento em Maceió e Arapiraca ou por telefone. Psicólogos e assistentes sociais monitoram a evolução, com foco na abstinência e na reinserção social.
A Resolução nº 2.056/2013 do Conselho Federal de Medicina estabelece que toda internação de dependentes químicos deve estar sob responsabilidade médica, com direção técnica obrigatória. Para o CRM/AL, “o papel do médico é assegurar que o acolhimento aconteça em condições dignas, respeitando a legislação sanitária”, destacou a entidade.
*Estagiária sob supervisão da editoria