loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quarta-feira, 03/09/2025 | Ano | Nº 6046
Maceió, AL
24° Tempo
Home > Cidades

SAÚDE

Taxa de obesidade de alagoanos entre 10 a 19 anos aumenta 7%

Entre crianças de 0 a 5 anos, percentual diminuiu, mas permanece acima da média regional e nacional

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Consumo de fast foods aumentam risco de obesidade infantil
Consumo de fast foods aumentam risco de obesidade infantil | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

“Muito carboidrato, pouca proteína e falta de informação”, esses são, de acordo com o pediatra Helder Costa, os principais responsáveis pelo aumento da obesidade em Alagoas. Nesta semana, dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) apontaram que um em cada três alagoanos entre 10 e 19 anos está acima do peso. Em dez anos, a taxa nessa faixa etária subiu de 23% para 30%, enquanto a média geral em todas as idades chega a 32%.

Embora o índice tenha aumentado entre essa faixa etária, crianças de 0 a 5 anos apresentaram queda: de 40% para 36%. Ainda assim, o resultado permanece acima das médias do Nordeste e do país. A obesidade infantil preocupa especialistas porque pode trazer consequências futuras, como hipertensão, AVC e outras doenças relacionadas ao excesso de gordura corporal.

Segundo Costa, a atenção com a obesidade deve começar ainda na gestação, já que a dieta da mãe influencia diretamente a saúde do bebê. “Se a gestante se alimenta mal, o bebê já pode nascer com complicações, inclusive com peso elevado para a idade gestacional (GIG). Em casos de diabetes gestacional, há crianças que nascem com mais de 4 kg.”

O pediatra ressalta que os hábitos adquiridos nos primeiros anos de vida repercutem na saúde futura. “Com a prevenção, é possível reduzir o risco de morte por AVC, complicações cardiovasculares e diabetes”, observa.

Além dos fatores biológicos e alimentares, o consumo frequente de fast food, ultraprocessados e produtos industrializados também contribui para o avanço da obesidade.

Pediatra Helder Costa fala sobre a importância dos cuidados com a alimentação infantil
Pediatra Helder Costa fala sobre a importância dos cuidados com a alimentação infantil

Outros fatores

Outros motivos se mostram diretamente responsáveis pelo nível de obesidade apresentado nos dados do SISVAN, como o fator social, econômico e até informacional. A falta de informação é causa primordial, seguida da falta de tempo que a vida moderna e agitada traz para dentro da vida das pessoas.

“Falta de informação e de claridade. Você tem uma população mais pobre e o que tem de proteína é cara, e o que se oferece em ofertas é mais de calorias, o mais barato são as calorias. É um problema mundial, um problema global que a vida moderna, os fast-foods, o tempo disponível, etc. As pessoas não têm tempo às vezes pra comer direito, então comem na rua”, explica.

Além de os fast-foods e alimentos de rápido consumo serem a primeira opção para quem leva uma vida corrida, a influência dos pais na educação nutricional dos filhos também impacta diretamente a saúde. Muitas vezes, por falta de tempo, eles deixam de preparar refeições mais saudáveis, abrindo espaço para a presença de alimentos industrializados e ultraprocessados, grandes bombas calóricas de fácil acesso e baixo custo.

“Nos adolescentes, que apresentaram este aumento, certamente o consumo de ultraprocessados e alimentos industrializados que são mais baratos [influenciou]. E se você não tiver os pais com decisão, mostrando isso dentro de casa, orientando aos filhos e tendo uma uma alimentação saudável em casa — às vezes por falta de condições — é mais fácil comprar coisas calóricas”.

Ainda, a vida moderna e todas as alterações sociais que vêm acontecendo, principalmente derivadas da pandemia onde crianças e adolescentes precisaram ficar em casa têm influenciado no comportamento pós crise do covid-19, onde esse grupo continuou isolado em suas residências, além de toda a questão da criminalidade das ruas.

“Falta de atividade física, da prática atividade física. As crianças, hoje, não vão às ruas brincar ou correr. Há o risco da violência, então ficam em casa, assistindo televisão e comendo calorias em excesso. E aí vem obesidade infantil”, comenta.

Na concepção do pediatra, dois pontos são existem dois pontos de grande importância para que problemas derivados da obesidade sejam evitados em crianças e adolescentes, iniciando ainda no pré-natal e acompanhando o adolescente em período escolar.

“Eu entraria com a questão a nível de governo, um bom pré-natal; acesso da mãe e das crianças a nutricionista, a informação, e a recomendação desses alimentos. Constantes alimentos que eles, os alimentos que são ultraprocessados. E na escola, dentro da escola, as crianças serem orientadas, assim como os pais também serem orientados. É um problema de saúde pública mesmo”, conclui.

Relacionadas