FAMÍLIA MORENO
Acusado de crimes, irmão de Nem Catenga morre em confronto com a PM
Irmãos e pai são apontados pela polícia como responsáveis por diversos delitos na região do Bom Parto, Levada e Vila Brejal

A lista de crimes do irmão mais velho do traficante Nem Catenga é extensa. Aldreis dos Santos Oliveira, o Moreninho, 42 anos, que morreu após confronto com as forças de segurança, integrava a facção Comando Vermelho, respondia por porte ilegal de arma, corrupção ativa, associação para o tráfico e envolvimento na morte da policial militar Iara Laura Silveira Monteiro, em janeiro de 2008.
José Emerson dos Santos, o Nem Catenga, é figura conhecida das forças de segurança de Alagoas, que fugiu para o Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Ele é considerado um dos criminosos mais perigosos procurados pelas autoridades alagoanas e responde por homicídio, tráfico, associação para o tráfico e organização criminosa.
Moreninho também é irmão de Adriano Oliveira dos Santos, o Caetano, morto em março de 2016 e filho de Zé Moreno, que foi apontado como “fundador” de organização criminosa em Alagoas e que atualmente cumpre pena em liberdade.
Caetano foi considerado um articulado assaltante de banco do estado, também respondia por tráfico de drogas e homicídio, e acabou morto durante operação das forças de segurança. O grupo, estruturado inicialmente pelo Zé Moreno, ainda conta com outros subordinados.
As investigações da Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontam que Aldreis, morto em confronto com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no último domingo (31), atuava em um esquema de extorsão contra comerciantes no Mercado da Produção, na Levada, em Maceió. Essa é considerada uma ação característica do Comando Vermelho, que atua não apenas no tráfico de drogas.
“Ele era um dos braços do Comando Vermelho, que explora outros serviços. Sem dúvida que sem ele (o Moreninho) houve um baque na estrutura do Comando Vermelho em Alagoas. O Mercado da Produção fica na região onde a família dele mora e atua”, lembra o tenente-coronel Jatobá, chefe do Comando de Missões Especiais do Bope.
Moreninho obrigava os permissionários do Mercado da Produção a pagar taxas semanais em troca de um suposto serviço de segurança. Durante a ação, foram apreendidos boletos que comprovam a cobrança feita pelo irmão de Nem Catenga.
“A SSP já havia recebido denúncias a respeito do que ele vinha cometendo dentro do Mercado da Produção, extorquindo comerciantes, obrigando-os a pagarem taxas semanais para usufruírem de um falso serviço de segurança oferecido por ele. É uma prática do CV em todo o território nacional, que explora trabalhadores e submete as pessoas a esse tipo de cobrança”, afirmou o tenente-coronel Jatobá.
A morte ocorreu durante uma operação do Bope que reforçava a segurança no trecho da BR-101 Sul, entre as cidades de Marechal Deodoro e São Miguel dos Campos, após registros de crimes na região.
O tenente-coronel Jatobá diz que é imprevisível saber se os comparsas de Moreninho tentarão vingar a morte dele. “Estamos preparados para qualquer tipo de ação. A SSP está acompanhando e trabalhando de forma preventiva em relação a isso”, reforça.
A Secretaria de Agricultura, Pesca e Abastecimento de Maceió (Semapa) informou que Aldreis dos Santos Oliveira não possuía nenhum vínculo com a administração pública municipal e não exercia a função de administrador do Mercado da Produção. A Semapa reforça que a cobrança de taxas extras aos permissionários é considerada ilegal.
“Por volta das 23h, os policiais avistaram uma caminhonete em atitude suspeita. Foi dada ordem de parada com sinais luminosos e sonoros, mas o motorista fugiu. Houve acompanhamento e reforço, até que o veículo foi interceptado. Para surpresa da guarnição, ele desceu armado, atirando contra as equipes”, relatou o tenente-coronel Jatobá.
Segundo informações da SSP, houve o revide imediato à injusta agressão e Aldreis foi neutralizado. Ele chegou a ser socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos. Com ele, os policiais apreenderam uma pistola calibre .380, munições, além de maconha e cocaína.
Família Moreno
A primeira prisão de Nem Catenga aconteceu em 2008 e atualmente ele responde por crimes como homicídio, tráfico e associação para o tráfico, organização criminosa e falsa identidade, acumulando sete mandados de prisão. Com 41 anos, “Nem” é apontado como uma das lideranças da facção Comando Vermelho em Alagoas.
A família de José Júlio de Oliveira, o Zé Moreno, pai de Nem, Caetano e Moreninho é apontada pela polícia como responsável por diversos crimes na região do Bom Parto, Levada e Vila Brejal.
Em fevereiro de 2008, Zé Moreno foi preso junto com o filho Nem Catenga que na época tinha 24 anos, na Vila Brejal. “Nem”, ao lado de Zé Moreno, integrava uma quadrilha liderada por Caetano, o irmão.
No ano em que Caetano morreu, em 2016, Nem Catenga foi colocado em liberdade e fugiu para o Rio de Janeiro, de onde ainda dá ordens, segundo informações do Setor de Inteligência da SSP.