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Nº 5905
Cidades

Transporte alternativo domina o Estado

Às vésperas do lançamento do edital de licitação do transporte intermunicipal de Alagoas, a expectativa tomou conta de donos de vans que compõem a frota dos transportadores complementares no Estado. Embora evitem falar sobre o assunto, os proprietários de

Por | Edição do dia 11/01/2009 - Matéria atualizada em 11/01/2009 às 00h00

Às vésperas do lançamento do edital de licitação do transporte intermunicipal de Alagoas, a expectativa tomou conta de donos de vans que compõem a frota dos transportadores complementares no Estado. Embora evitem falar sobre o assunto, os proprietários de empresas de ônibus também estão ansiosos. Afinal, no início do próximo mês, quando o edital for lançado, vans e ônibus concorrerão ao direito de explorar as linhas de transporte que interligam os municípios. A Agência Reguladora de Serviços de Alagoas (Arsal) mantém segredo sobre o texto final do edital de licitação e afirma que só o divulgará no dia do lançamento. Teme uma batalha jurídica e o atraso ainda maior do processo que já demora sete anos. Mas já acena com uma redistribuição radical dos transportes para suprir carências em vários trechos do território alagoano. Para a Arsal, vans e empresas de ônibus se concentraram apenas nas “linhas” de maior movimento e mais lucrativas. ### “Nesse horário só tem van mesmo” Nos primeiros metros da Avenida Assis Chateaubriand, na calçada, a aposentada Lourdes da Silva Santos “dá com a mão”. Além da filha Vitória, de 9 anos, ela carrega também dois sacos pesados, cheios de roupas usadas que arrecadou e pretende vender em Olho d’Água das Flores, onde mora e para onde segue viagem. Ela conta que esperava um ônibus, mas como a van passou primeiro, resolveu “pegar”. “Eu prefiro ir de ônibus, acho mais seguro, mas nesse horário só tem van mesmo”, diz Lourdes. Enquanto conversa com a reportagem, ela parece assustada e não tira o olho da estrada. “Morro de medo de acidente”, confessa. Uma manobra mais ousada do motorista, numa tentativa de ultrapassar dois veículos, logo depois do trevo de Francês, arranca dela protesto. “Pelo amor de Deus, motorista, devagar, devagar!”, grita, ao mesmo tempo em que se benze. ### Arapiraca: a capital nordestina das vans A cidade de Arapiraca, a 120 quilômetros de Maceió, é o que se pode chamar de capital nordestina das vans. Às centenas, elas estão em todos os lugares e contribuem para deixar ainda mais caótico o complicadíssimo trânsito local. Desse grande pólo do transporte alternativo do Agreste e do Sertão partem vans para quase todas as cidades alagoanas. Tem carro seguindo para Lagoa da Canoa, Girau do Ponciano, Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, Batalha, Olho d’Água das Flores, Delmiro Gouveia, Água Branca, São José da Tapera, Igaci, Maribondo, Limoeiro de Anadia, Feira Grande e São Miguel dos Campos, além de Maceió. Somente para a capital rodam diariamente 34 vans. ### Caminhonetes transportam milho, galinha e porcos Na praça central de Pão de Açúcar, cidade às margens do Rio São Francisco, a 227 quilômetros da capital, Preá afirma com convicção que “o Sertão precisa das nossas caminhonetes. Além de carregar gente, nós transportamos de tudo: milho, feijão, galinha, porco e outras coisas. Nenhuma van e nenhum ônibus vão buscar o povo aonde nós vamos, lá dentro dos sítios, nas brenhas”, diz o líder dos proprietários das caminhonetes consideradas clandestinas pelo governo. O nome de batismo é Jocelino Vieira, mas todos o conhecem como Preá, o presidente da Associação de Motoristas Alternativos Cristo Redentor (Amacre). Há 22 anos ele trabalha no transporte alternativo. “Hoje temos cerca de duas mil caminhonetes rodando em todo o Sertão. Só não queremos que a Arsal venha bulir com a gente. Aqui todo mundo é trabalhador. Se vierem dizer que não podemos rodar, vamos partir para briga ”, diz ele, enquanto espera o horário de partir com a sua D20 rumo a Olho d’Água das Flores. ### Professor sofre para ir ao trabalho O drama do professor Paulo Henrique, que ensina em Pão de Açúcar, ilustra bem a situação de vários profissionais, seja da educação, saúde ou segurança, que trabalham no interior e precisam de transporte para chegar aos locais de trabalho. Paulo Henrique mora em Paulo Afonso, na Bahia. Para ir dar aula, ele viaja na van da instituição de ensino em que trabalha. Mas é na hora de ir pra casa que a coisa complica. “Para chegar em Paulo Afonso, eu tenho que pegar quatro carros: uma caminhonete até Olho d’Água da Flores, outra caminhonete até Olho d’Água do Casado. De lá pego uma van até Delmiro Gouveia e finalmente mais uma van até Paulo Afonso”, conta o professor. ### Edital para licitação sairá em fevereiro A Agência Reguladora de Serviços de Alagoas (Arsal) deve encaminhar à Procuradoria Geral do Estado (PGE), nos próximos dias, o texto final do edital de licitação dos transportes intermunicipais do Estado para empresas de ônibus e donos de vans. Se for aprovado, o documento oficial que vai ditar as condições para a exploração das linhas de transporte entre os municípios alagoanos deverá ser lançado no início do próximo mês. O resultado final dos estudos feitos por duas empresas está sendo guardado a sete chaves pelo presidente da Arsal, Waldo Wanderley. Ele teme que um embate judicial com donos de vans e empresários de ônibus insatisfeitos com as condições impostas no edital atrase ainda mais a licitação. ///

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