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SAÚDE

Alagoas registra média anual de 690 casos de câncer de mama

Médicos relatam novos fármacos e métodos de cirurgia, quimioterapia e radioterapia

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Maria Helena percebeu um nódulo no seio e logo marcou consulta com a médica ginecologista
Maria Helena percebeu um nódulo no seio e logo marcou consulta com a médica ginecologista | Foto: Cortesia

No fim de agosto de 2022, Maria Helena de Jesus Pedrosa Batista — uma pernambucana que vive em Alagoas há 25 anos — descobriu, durante o banho, um nódulo no seio ao realizar o autoexame. Era câncer de mama. Um entre os 690 casos estimados anualmente para Alagoas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o que representa uma taxa de 34,89 registros por 100 mil mulheres. Em 2023, dado mais recente disponível, foram registrados 20.165 óbitos causados pela doença no Brasil, sendo 246 deles em Alagoas.

Essas estimativas colocam o câncer de mama como o mais incidente entre as mulheres brasileiras, ocupando o primeiro lugar (excetuando-se o câncer de pele não melanoma).

A DESCOBERTA E O INÍCIO

Mãe de três filhos e avó de três netas, Maria Helena trabalha como secretária e corretora de imóveis. Ela foi diagnosticada com câncer de mama aos 58 anos, fez mastectomia radical, retirou uma mama e passou pelo procedimento de reconstrução com silicone na mesma cirurgia.

Ela conta que, antes de procurar a ajuda médica, havia suspeitado de um nódulo no seio durante um autoexame. Foi quando tudo começou. Após a biópsia e a confirmação da doença, o tratamento começou.

“No início, não tem como negar que o mundo da gente cai. Ele vira de cabeça para baixo. Você começa a lidar com situações novas, exames, termos desconhecidos, medicamentos que você nunca ouviu falar. E tudo de novo: mais exames”, detalha Maria Helena.

“E daí você já começa a quimioterapia, vêm os efeitos colaterais. Tudo muda a partir do diagnóstico e do início de tratamento. Aquela pessoa que existia antes, não existe mais. Ela começa a caminhar por um caminho escuro, porque você não sabe o que tem na sua frente. Então tudo depende muito da sua disposição interna e a maneira como você enfrenta o câncer”, analisa.

AVANÇO NO TRATAMENTO

Segundo o mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital do Câncer III, no Rio de Janeiro, os principais avanços no tratamento do câncer atualmente incluem os inibidores de ciclina (reguladores do ciclo celular), a adoção do medicamento Trastuzumabe Entanzina, a supressão ovariana medicamentosa e a hormonioterapia parenteral, além do uso de fatores estimuladores de colônias para esquemas de dose densa e a ampliação da neoadjuvância para estágios I a III — estratégia utilizada para reduzir o tumor ou eliminar células cancerígenas não visíveis antes da cirurgia.

“Para seguir de forma segura no tratamento, o importante é estar no local certo, confiar no tratamento (que é multidisciplinar), ter uma boa comunicação com a equipe (até para saber contornar os efeitos colaterais que surgirem), corrigir os hábitos de vida inadequados, e estar empoderada sobre seus direitos”, afirma o especialista.

Oncologista André Guimarães diz que existem novos fármacos
Oncologista André Guimarães diz que existem novos fármacos | Foto: Cortesia

Já André Guimarães, médico oncologista clínico do Hospital Cliom, em Maceió, explica que é necessário distinguir os dois estágios principais da doença. “Nos estágios iniciais, há uma chance real de cura. Já nos mais avançados ou metastáticos, o tratamento é paliativo, ou seja, visa aliviar os sintomas”, diz.

Na oncologia clínica, ele destaca os avanços com novas drogas para os diversos subtipos de câncer de mama — atualmente cinco. “Temos desde quimioterapias convencionais até imunoterápicos, como o pembrolizumabe, indicado para o subtipo triplo negativo”, aponta.

Para os tumores mais avançados, especialmente os do subtipo luminal, também há medicamentos modernos, como os conjugados a anticorpos, que ampliam a eficácia e reduzem efeitos adversos.

Na radioterapia e cirurgia, André ressalta que há inovações importantes. “Hoje temos menos sessões de radioterapia e técnicas cirúrgicas mais conservadoras, que preservam o órgão ou apenas retiram a glândula mamária, mantendo a estética da mama”.

Outra promessa para os próximos anos é a biópsia líquida, que está chegando aos estados brasileiros. “Ela substitui a retirada de tecido e, após o tratamento, permite o monitoramento por meio da detecção de células tumorais circulantes no sangue. Se aparecerem, é um sinal precoce de possível recidiva. É uma descoberta incrível, já apresentada nos últimos congressos internacionais”, destaca.

A REALIDADE

Maria Helena enfrentou o câncer com muita fé e esperança de que ia dar tudo certo. E deu. “É interessante, eu sempre comento que, quando chegava o dia de ir para quimioterapia, eu me arrumava, fazia as unhas, fazia a sobrancelha e só não pintava o cabelo porque não tinha mais cabelo”, recorda.

Ela diz que a vida muda totalmente, mas que é possível seguir em frente. “Eu sempre inventava alguma coisa para fazer. Aí me virei totalmente para fazer artesanato, para desenhar, para pintar. Eu tinha muito cuidado de não entrar numa depressão”.

OUTUBRO ROSA

Luiza Balbino, supervisora de Cuidados à Mulher, Criança e Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), ressalta a importância do Outubro Rosa como um movimento fundamental para a promoção da saúde das mulheres e para a conscientização sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama.

“Mais do que uma campanha anual, ele simboliza um chamado à ação contínua, por isso, o tema deste ano, ‘Outubro Rosa, todo dia’, reforça que o cuidado com a saúde da mulher deve estar presente em todos os meses do ano”, alerta.

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