INVESTIGAÇÕES
Operação combate golpe do falso financiamento de imóveis em Alagoas
Duas pessoas foram presas suspeitas de integrar organização criminosa que fez dezenas de vítimas

A promessa de realizar o sonho da casa própria levou muitas famílias alagoanas a serem vítimas de um golpe. Após investigações, a Polícia Civil de Alagoas deflagrou na manhã de ontem em Maceió a “Operação Contrato Cego”, para combater um esquema criminoso de falso financiamento de imóveis. Dois suspeitos de envolvimento na prática criminosa foram presos.

Ao todo, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão nos bairros da Jatiúca, Farol, Serraria, Santa Lúcia e Benedito Bentes. Segundo a delegada Michelly Santos, uma das coordenadoras da operação, a polícia descobriu que a organização operava na área imobiliária.
“Eles induziam as pessoas a acreditar que estavam contratando um financiamento e receberiam o imóvel, mediante o pagamento de uma entrada de cerca de 10%. No entanto, tratava-se de um consórcio, e as vítimas acabavam sem o imóvel e sem previsão de recebê-lo. Então, a maioria das vítimas perdiam esse valor”, explicou.
A autoridade policial destacou que o golpe era praticado de forma massiva. “Em Alagoas, há cerca de 120 processos cíveis, além de boletins de ocorrência e investigações criminais. No Brasil, são mais de 3.700 processos, o que demonstra a ação organizada do grupo. Nesta fase da operação, estamos identificando o braço que agia aqui no Estado”, afirmou.
Michelly também informou que os criminosos utilizavam redes sociais e escritórios de fachada para atrair as vítimas. “Eles criavam pessoas jurídicas individuais ligadas a uma empresa principal e migravam de sede em sede para evitar a identificação. Jogavam corretores nas redes sociais para captar clientes e, nos escritórios, induziam as pessoas a assinar contratos sem perceber que se tratava de um consórcio”, completou.
O delegado Dalberth Pinheiro, que também coordenou a ação, explicou que a investigação teve início há alguns meses, após o aumento de registros de vítimas na Delegacia de Estelionatos. “Recebemos cerca de 30 boletins de ocorrência de pessoas que foram ludibriadas por essas empresas. Era uma situação que causava prejuízo social e afetava a ordem pública”, disse.
Pinheiro informou ainda os suspeitos presos já haviam sido presos anteriormente, um deles por porte ilegal de arma de fogo. “Durante as diligências, encontramos munições em uma das residências. É importante que quem for fazer financiamento verifique as empresas, dê uma olhada no Reclame Aqui porque essas empresas já tinham muitas queixas nesse site”, concluiu.
De acordo com a Polícia Civil, o nome “Operação Contrato Cego” faz referência à forma de atuação do grupo, que induzia as vítimas a assinar contratos de consórcio disfarçados de financiamentos imobiliários, o que viciava o consentimento e configurava os crimes de estelionato (art. 171 do Código Penal) e organização criminosa (ORCRIM).
