INCÊNDIOS PREOCUPAM
Carros elétricos desafiam condomínios e já mudam rotina de moradores em Maceió
Avanço na quantidade de veículos também motivou a criação de leis específicas no Estado


Com a popularização dos carros elétricos e híbridos em Maceió, a mobilidade sustentável passou a exigir novas soluções em condomínios e residências da capital. A mudança tem impactado diretamente a rotina de moradores e síndicos, que agora precisam lidar com a infraestrutura necessária para recarga dos veículos.
No último dia 3, um incêndio atingiu um ponto de recarga para carro elétrico no estacionamento do condomínio Riviera Del Mare, no bairro de Cruz das Almas, em Maceió. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e revelou fragilidades na fiscalização das instalações.
Segundo a síndica do condomínio, o empreendimento havia contratado, em 2024, um estudo de viabilidade e dimensionamento de carga, com Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) devidamente apresentada. A instalação de cada ponto de recarga, entretanto, ficou sob responsabilidade individual dos moradores. Atualmente, o prédio conta com 21 carregadores.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) constatou que, embora a ART de instalação do equipamento incendiado tenha sido localizada, não foi apresentada a ART do projeto elétrico correspondente. Além disso, a assinatura do projeto era de um engenheiro civil, contrariando a orientação técnica de que apenas profissionais da área elétrica devem ser responsáveis por esse tipo de serviço.
COMO TEM SIDO FEITO?
O oftalmologista Daniel César Torres conta que há três anos adquiriu seu primeiro carro elétrico. “Sou uma pessoa que gosta de tecnologia, gosto de experimentar veículos e foi uma oportunidade de entrar em um mundo novo. A experiência foi fantástica, nunca passei por nenhum perrengue”, afirmou.
A empresária Amália Góes também aderiu à nova mobilidade e já está no terceiro modelo de carro híbrido ou elétrico. Segundo ela, a economia foi decisiva para a mudança. “Acho que temos uma economia de 97% em relação ao que gastávamos. Só usamos gasolina quando viajamos. Como moramos em casa e temos carregador individual, recarregamos o carro diariamente”, disse.
Nos condomínios, o desafio é crescente. A síndica profissional Jéssica Macedo, que atua em 24 empreendimentos em Alagoas, afirma que a demanda por carregadores já é realidade. “A lei é importante para definir parâmetros de segurança, mas ainda há muito para caminhar”, pontuou. Ela explica que muitos prédios não têm capacidade elétrica suficiente para suportar múltiplas estações de recarga, o que exige planejamento técnico.
Uma das soluções adotadas na capital é a instalação de um sistema de distribuição de carga, com investimento entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, além de mensalidade de aproximadamente R$ 400. “O sistema garante carga mínima segura para abastecer os veículos”, explica Jéssica.
Em outro edifício, foi necessário criar um rodízio para uso dos carregadores, devido ao número de unidades que superou o limite. “Ficou decidido, por unanimidade, que o rodízio será feito por terminações. Quem descumprir, está passível de multa”, completou.
O avanço dos veículos elétricos também motivou a criação de leis específicas. Em outubro, foi sancionado o Projeto de Lei nº 1.572/2025, de autoria do deputado estadual Bruno Toledo (MDB), que regulamenta a instalação, manutenção e uso de pontos de recarga em condomínios residenciais e comerciais em Alagoas.
A norma exige que o carregador seja vinculado à unidade do morador, com consumo individualizado e instalação feita por profissional habilitado com Anotação ou Registro de Responsabilidade Técnica. Também estabelece regras para espaços coletivos, com definição de rateio aprovada em assembleia.
O setor de construção civil e os Corpos de Bombeiros também têm se adequado. O Conselho Nacional de Comandantes-Gerais publicou uma diretriz com parâmetros mínimos de segurança para estacionamentos com pontos de recarga.
