DADOS PREOCUPANTES
Casos de abandono de idosos crescem em Alagoas
Mais de 300 ocorrências foram registradas no Estado, enquanto País soma 1,3 mil denúncias em 2025


Alagoas registrou, do início do ano até este mês, mais de 300 casos de abandono de idosos. Desse total, 220 ocorreram em Maceió, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP).
Em comparação com os números nacionais, os dados revelam a dimensão do problema a população acima dos 60 anos. Somente em 2025, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania contabilizou mais de 1.349 casos de violência contra a pessoa idosa no Estado.
Desde 2015, a SSP mantém o programa Pessoa Idosa Protegida, voltado especificamente para o enfrentamento desse tipo de violência. De acordo com o chefe da Polícia Comunitária da SSP, capitão Alex Acioli, os números vêm crescendo.
“Essa estatística é uma crescente. A violência contra a pessoa idosa vem sendo monitorada desde o início do programa, quando observamos que muitas denúncias passaram a chegar de forma recorrente aos canais da segurança pública”, afirmou.
Segundo o capitão, os registros mais recentes indicam que a negligência e o abandono são, atualmente, as formas mais comuns de violência praticadas contra idosos. “Essas ocorrências estão ganhando destaque e exigem uma resposta estratégica do poder público, mas também a participação ativa da sociedade”, destacou.
Outro ponto de atenção é o perfil dos agressores. Conforme os levantamentos realizados pela secretaria, a maior parte dos casos acontece dentro do ambiente familiar. “Lamentavelmente, o principal violador, na maioria das vezes, é o próprio filho. Trata-se de uma violência intrafamiliar, muito complexa de identificar, sobretudo quando não há denúncia”, explicou Acioli.
As denúncias de violência contra idosos podem ser feitas de forma anônima por meio do Disque Denúncia 181. A partir desse contato, a secretaria aciona uma rede integrada de proteção. “Quando a denúncia tem caráter policial, ela é encaminhada à Polícia Militar e à Polícia Civil. Quando identificamos um cunho social, acionamos outros atores, como a Secretaria da Cidadania, os Centros de Referência Especializados em Assistência Social (CREAS), o Conselho do Idoso e, quando necessário, o Corpo de Bombeiros e o Samu”, detalhou o capitão.
A atuação das forças de segurança segue o modelo da polícia comunitária, priorizando a aproximação com a população como forma de identificar situações de risco. “O nosso grande viés é ajudar. O policial chega à residência se apresentando, oferecendo apoio. A partir da conversa com o idoso e com as pessoas do local, conseguimos identificar se há flagrante previsto no Estatuto da Pessoa Idosa e, quando necessário, realizamos prisões e resgates”, afirmou.
Acioli destacou ainda a importância da Lei nº 15.163, sancionada este ano, que transformou a violência contra a pessoa idosa em ação penal pública incondicionada. “Hoje, a atuação da segurança pública independe da vontade da vítima. Qualquer violência praticada contra a pessoa idosa será apurada, e a segurança pública está pronta para proteger e cuidar”, concluiu.
