Cidades
Press�o de sem-terra tira Quixabeira do Incra

A pressão dos movimentos dos sem-terra provocou ontem a saída do cargo do superintendente regional do Incra em Alagoas, José Quixabeira Neto. Ele foi acusado pelo MST, MT e CPT de emperrar o programa de reforma agrária no Estado. Após várias tentativas de acordo na reunião realizada no auditório da OAB, com a presença do vice-presidente nacional do Incra, Eduardo Freire, e do ouvidor agrário, José Gersino Filho, foi anunciado o pedido de demissão do superintendente. Quixabeira foi forçado a pedir demissão, depois de ser acusado de emperrar o programa de reforma agrária no Estado, que, neste ano, não assentou nenhuma família. A meta para 2002 era assentar cerca de 1.600 famílias. O desgaste no cargo aumentou depois que o governador Ronaldo Lessa e até o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Fernando Lima Souza, durante a passagem pelo governo, endossaram a saída de Quixabeira. A reunião de ontem foi agendada pela direção nacional do Incra com os sem-terra para discutir justamente a saída do superintendente - que estava presente ao encontro - mas no início o vice-presidente Eduardo Freire pediu prazo até hoje para que a questão fosse resolvida. Impasse A partir daí, foi criado um impasse, porque os sem-terra não queriam mais adiar o problema e deram um prazo até o fim da noite para que decidissem sobre a permanência ou não de Quixabeira à frente do Incra. Em seguida, Freire e Gersino se reuniram com o supe-rintendente na própria OAB. Cerca de meia hora depois, Freire mandou chamar os sem-terra para anunciar a saída de Quixabeira, que resolveu pedir demissão do cargo. Dezenas de sem-terra que estavam na porta da OAB vibraram com a decisão. Em entrevista, o superintendente disse que resolveu pedir demissão porque se considerava um homem que estava muito acima do cargo, disse. Reunião define hoje o destino do órgão em AL Os sem-terra acampados na Praça da Faculdades voltam hoje a seus assentamentos, logo após o término da reunião que os dirigentes do MST, MT e CPT mantêm com a direção nacional do Incra, a partir das 9 horas, para discutir o futuro da superintendência do órgão em Alagoas. Antes da reunião de ontem à tarde, eles fizeram o enterro simbólico do ex-superintemdente, que foi acompanhado pela Polícia Militar. No auditório da entidade, o impasse marcou mais uma vez a reunião dos sem-terra com o vice-presidente do Incra, Eduardo Freire, o ouvidor Agrário, Gersino Filho, e com representantes do governo estadual. A reunião chegou a ser suspensa, após uma sem-terra ter feito uma desabafo emocionado sobre a vida das famílias que se encontram acampadas às margens de rodovias. Ela chegou a mostrar a mão calejada perto do rosto de Quixabeira. Considerando o ato um desrespeito à pessoa do superintendente, Freire preferiu negociar apenas com as lideranças dos três movimentos, provocando um impasse. Enquanto tentavam continuar com a reunião, Quixabeira ficou aguardando uma decisão em outra sala, sem revelar naquele momento a intenção de pedir demissão, que só foi anunciada no início da noite.