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Sem-terra saqueiam carga da Nestl� na BR-101

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Sucursal União dos Palmares – Trabalhadores rurais sem-terra acampados às margens da BR-101, no trevo de acesso ao município de Joaquim Gomes, saquearam, às 15h30 de ontem, a carga de produtos da Nestlé que estava sendo transportada no caminhão-baú de placa BSF- 2326/SP. Segundo o coordenador do grupo, José Benedito Góes, o “Zé do Pilar”, a situação no acampamento estava insustentável com as mais de 40 famílias sem ter o que comer. Os sem-terra iniciaram um pedágio e quando o caminhão passava pelo trecho da BR-101 foi parado. “Eles colocaram uma corda e ficaram no meio da pista. Fui obrigado a parar e abrir o baú”, disse o motorista do veículo, Adeildo Félix Pereira, 35. De acordo com ele, a carga estava avaliada em R$ 94.591. O caminhão seguia de São Paulo para o Recife, onde abasteceria os estabelecimentos atacadistas. Na carga estavam produtos como leite condensado, farinha láctea e achocolatados. Segundo o próprio Zé do Pilar, parte do saque será utilizada para o consumo e uma outra, comercializada para arrecadar fundos com objetivo de comprar produtos de primeira necessidade para o acampamento. “Faltam aqui comida, lona, remédio, roupa... falta tudo”, desabafa Zé do Pilar. De acordo com ele, os sem-terra são forçados a mendigar nas ruas de Joaquim Gomes para não passar fome. Outra alternativa encontrada para amenizar a situação de penúria, é cobrar pedágio pelo menos duas vezes por semana. A liderança recorda que informou ao Centro de Gerenciamento de Direitos Humanos da Polícia Militar (PM) a crítica situação no acampamento e a possibilidade da ocorrência de saques, caso cestas básicas não fossem liberadas pelo governo do Estado. “Cansamos de esperar e eu não consegui segurar 40 famílias com fome”, salientou Zé do Pilar, lembrando que outros saques podem vir a acontecer. Os sem-terra do acampamento na BR-101 afirmam que não mais integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); decidiram marchar sem bandeira em busca da “terra prometida”. Eles aguardam há cerca de quatro anos, a desapropriação da Fazenda Serrana, em Joaquim Gomes. Prisão Os constantes saques na BR-101, principalmente na região de Novo Lino, resultaram na decretação da prisão preventiva de uma das lideranças do sem-terra. Valdemir Agostinho, um dos coordenadores do MT (Movimento dos Trabalhadores), está desaparecido há quase um mês. Acusado de coordenar os saques na região, ele teve a prisão decretada pela Justiça, o que acabou servindo de estopim para um novo confronto entre os sem-terra e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Há pouco mais de 15 dias, a sede do instituto foi invadida por mais de 300 sem-terra e 15 funcionários feitos reféns, dentre eles o então superintendente Regional, José Quixabeira Neto. A desocupação do prédio só se concretizou após a negociação com dirigentes nacionais do órgão e a saída de Quixabeira. O impasse trouxe, esta semana, ao Estado o presidente do Incra. Sebastião Azevedo.

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