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Divis�o de deveres fortalece relacionamento

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A relação entre pais e filhos está ficando cada vez mais comprometida, por causa do acúmulo de atividades enfrentado pelos pais. A sociedade exige dos adultos, principalmente dos homens, dedicação ao emprego como única forma de manter a sobrevivência da família. Mas o que ocorre com uma família, quando é a mãe que trabalha fora e ao pai resta a obrigação de cuidar da casa e dos filhos? Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta Mário Jorge Calheiros Feijó, não há problema nenhum no fato de homens e mulheres dividirem deveres e obrigações dentro de um relacionamento. “A conquista das mulheres no espaço de trabalho e a competição para o crescimento profissional, tiraram delas o papel exclusivo de dona de casa. Os casais que têm, nos parentes, uma segunda opção para deixar os filhos encontram mais facilidade para ir trabalhar, nas casas onde não há essa alternativa, geralmente um dos cônjuges tem de abdicar da vida profissional para tomar conta da casa. E cada vez, mais essa função está sendo exercida pelos homens”, explica o psiquiatra. Ele afirma que o próprio homem, em virtude de um processo de reavaliação interior e das transformações psicológicas, está aceitando com mais naturalidade essa troca de papéis e entendendo que ajudar a mulher a comandar a casa ou mesmo a cuidar dos filhos não os faz menos homens do que os outros. Mário Jorge Feijó assegura que, embora os sentimentos e as emoções vivenciadas por homens e mulheres sejam iguais, a maneira como cada um lida com essas experiências é determinada por fatores condicionantes, como os preconceitos e a educação recebida por cada indivíduo. “A máxima de que homem não chora é uma frase absurdamente errada e que, infelizmente, faz parte da criação da maioria dos meninos. O homem pode e deve chorar sim, desde que haja necessidade e sentimento para tal. E quando esse menino cresce e passa a cuidar do filho, certamente será uma pessoa mais verdadeira, menos plastificada quanto as suas emoções”, enfatiza o profissional. De acordo com Mário Jorge Feijó, é inegável que a mulher é mais preparada para a maternidade, pelo menos do ponto de vista orgânico. Basta lembrar que o primeiro alimento do bebê vem do seio materno. Mas tanto a função materna quanto a paterna, pode ser exercida por qualquer pessoa e, não apenas necessariamente pai e mãe. Para isso, como já constava nos estudos de Freud e Lacan, precursores da Psicanálise, basta a pessoa dedicar à criança cuidados básicos primários como amor, carinho, alimentação e proteção. Quanto aos filhos, salienta, não serão prejudicados do ponto de vista emocional se passarem mais tempo com o pai do que com a mãe. Ele acredita que quando o relacionamento do casal é bem resolvido, quando os papéis estão bem definidos entre eles, não haverá interferência no desenvolvimento emocional da família. “O ser humano tem uma capacidade fabulosa de se adaptar a novas situações, por isso, desde que haja entendimento entre o casal, a experiência é atésalutar para todos”. Apesar de identificar os aspectos positivos nessa experiência, Mário Jorge Feijó acredita que a harmonia está garantida, desde que ambos saibam que é uma situação temporária. Para o médico, assim como algumas mulheres passam o resto da vida reclamando por ter abdicado da vida profissional em nome da pessoal, os homens também poderão questionar a sua posição dentro de casa se nunca mais voltarem a trabalhar e começaram a cobrar da esposa o fato de eles terem ficado tanto tempo sem realizar os anseios profissionais. “É imprescindível para o filho ter o pai por perto na hora da primeira competição esportiva, no momento da primeira ida à escola, nos primeiros-socorros ao cair da bicicleta e na hora de estabelecer limites. O homem que não teve esses conceitos passados de forma clara pelo pai provavelmente vai sentir dificuldades de repassá-las ao filho e poderá até deparar-se com sentimentos de culpa e depressão”. Mário Jorge Feijó observa, ainda, que qualquer criança sente-se mais prejudicada pela ausência de um pai que está presente do que pelo fato de vê-lo cuidando da casa, enquanto a mãe trabalha fora. A relação entre pai e filho deve ser construída a partir do binômio amizade e respeito mútuo.

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