Câmara dos Deputados
Oposição e base seguem desconfiando da postura de Hugo Motta

Lula calado é um poeta”

PODER SEM PUDOR: A mala de Aristóteles
O saudoso jurista Aristoteles Atheniense, então vice-presidente nacional da OAB, quase viu sua mala explodida na Câmara dos Deputados, durante um debate sobre nepotismo. Ao conversar com jornalistas, percebeu que havia perdido a mala. Ela fora deixada próxima a uma lixeira. Na tensão das CPIs da época, servidores desconfiaram de bomba e chamaram a segurança. Por pouco, a mala — que continha óculos, celulares e sua inseparável máquina fotográfica — não foi detonada.
Oposição e governo mantêm pé atrás com Motta
Passada a excitação com a vitória contra Lula na Câmara, com a aprovação do projeto antifacção, a oposição desconfia da súbita valentia de Hugo Motta (Rep-PB) na tramitação do texto. Segundo ao menos três líderes partidários, o presidente da Câmara expôs o relator Guilherme Derrite (PP-SP) ao desgaste por não ter sido firme no início da tramitação. Os votos da vitória já estavam mapeados desde a semana anterior, mas Motta hesitou — e sequer votou.
Olho em 2026
Derrite pode alçar voos mais altos, como suceder ao governador Tarcísio de Freitas (Rep-SP) ou disputar o Senado — cargos que também atraem interesse de petistas.
Sabe o que faz
O governo tentou inserir no projeto de Derrite, que é militar, a falsa narrativa de que a proposta enfraqueceria a Polícia Federal. Não colou.
Destaque barrado
Houve reclamações após Motta não aceitar emendas da oposição que buscavam equiparar facções criminosas e milícias a organizações terroristas.
Gregos e troianos
No campo governista, a escolha do relator e a decisão de não adiar a votação — solicitada duas vezes em plenário — ainda causam incômodo.
Governo Lula tenta protelar Antifacção no Senado
Com sua conhecida dificuldade em enfrentar criminosos — reflexo da narrativa da esquerda de vitimização dos bandidos — o governo Lula (PT) tenta agora atrasar no Senado a tramitação do projeto de lei Antifacção, aprovado na Câmara por expressiva maioria de 370 votos a 110. A escolha do relator no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), é uma vitória do Planalto: foi dele a relatoria da “PEC da Blindagem”, que enterrou a reação dos deputados às invasões do Supremo Tribunal Federal. Aprovada na Câmara, a proposta foi engavetada no Senado, para alegria do PT.
Chapéus
Alessandro Vieira também foi designado relator da recém-instaurada CPI do Crime, no Senado, presidida por Fabiano Contarato (PT-ES).
Homem de confiança
Vieira também relata a MP da Agência de Proteção de Dados, criada por Lula e que institui 200 cargos e nova carreira de fiscalizador. A comissão é presidida pelo PT.
Senador volúvel
Alessandro Vieira iniciou sua carreira política na Rede (2016), passou por Cidadania e PSDB, e desde 2023 está no MDB.
Mofando na gaveta
Já são 226 dias que o pedido de cassação de Glauber Braga (Psol-RJ), que expulsou a pontapés um cidadão do Congresso, aguarda despacho do presidente da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB).
Um especialista
Será na próxima terça-feira (25) a votação da indicação de Nelson de Souza para presidir o BRB na Câmara do DF. Ele já presidiu a Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste.
Cemitério de leis
Após a aprovação da lei Antifacção por 370 votos a 110 na Câmara, voltou a circular a frase do deputado Aluísio Mendes (Rep-MA), presidente da comissão da PEC da Segurança, no podcast Diário do Poder: “O Senado é o cemitério de leis contra o crime”.
Nem pensar
Para tentar abafar o fiasco da COP-30, Lula criticou o chanceler alemão Friedrich Merz, que celebrou seu retorno ao país natal. Mas não devolveu os €15 milhões que ele havia deixado para o fundo indígena.
Pinóquio
Além dos habeas corpus, o senador Sérgio Moro (União-PR) desabafou sobre as dificuldades da oposição na CPMI do INSS: “Ainda temos que enfrentar a montanha de mentiras dos governistas”.
Foi isso
Flagrado em vídeo trocando socos nas ruas de Curitiba — mais apanhando que batendo — o deputado petista Renato Freitas justificou o vexame com a alegação de que foi vítima de racismo, e que reagiu à agressão.
Vai ficar assim?
Circula nas redes vídeo em que um policial legislativo — cuja atuação costuma ser inócua — desfere um soco no rosto de um homem que apenas tentava falar com um deputado.
Tamanho do rombo
O Ministério da Previdência estima que ao menos 18 fundos de pensão estaduais e municipais tenham investido no Banco Master. O prejuízo inicial é de R$1,8 bilhão, mas pode crescer.
Pensando bem…
…ainda falta o governo Lula cantar Imagine, de John Lennon, contra as facções criminosas.

