Política
Lealdade a Lula custa partido e ministério a Celso Sabino

Não tinha sentido nenhum empurrar”

Velhos amigos do ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que foi líder do governo Lula na Câmara, sempre se divertem ao lembrar um feriadão inesquecível em uma fazenda em Santo Antônio de Jesus, na época da faculdade de Medicina da UFBA.
Na primeira noite, a cama não suportou o peso do então gordíssimo Vaccarezza, que caiu e dormiu no chão. No dia seguinte, o anfitrião o levou para a casa de praia da família, em Itaparica. De novo, a cama cedeu.
No domingo, já em Salvador, ainda na casa do mesmo amigo, um estrondo na madrugada: mais uma cama arruinada. Diante do prejuízo de três camas em um único fim de semana, o anfitrião resolveu levá-lo para a própria casa, temendo a reação da mãe.
‘Leal’ a Lula, Sabino perdeu o partido e o cargo
O deputado licenciado Celso Sabino (PA) viveu, nos últimos meses, uma reviravolta política que culminou em um duplo vexame: foi expulso do União Brasil por desobediência e, nessa quarta-feira (17), demitido do Ministério do Turismo por Lula (PT), a quem jurava devoção. A saga começou em setembro, quando o partido oficializou o afastamento definitivo do governo Lula e ordenou que os filiados deixassem os cargos. Sabino se recusou a sair, alegando lealdade a Lula, “o melhor para o Brasil”, entre outras lorotas.
Meu papai
Sabino deixou de ser útil e Lula convidou o deputado lulista Damião Feliciano (União-PB), que, para não ser expulso do União, indicou o próprio filho.
Cunha no União
Lula, o esperto, quer manter uma “cunha” ou porta aberta para eventual entendimento com o União Brasil — e isso explica Gustavo Feliciano no cargo.
Ops, deu errado
Sabino, que se acha esperto, imaginou que o cargo de ministro garantiria sua eleição ao Senado, além dos holofotes, jatinhos e demais regalias.
E olhe lá
Sem espaço no MDB para disputar a Casa Alta, Sabino precisa de um partido, nem que seja “de aluguel”. O demitido tenta o Republicanos.
Lula volta a terceirizar culpa por fiasco em pesquisa
Pesquisa Genial/Quaest desta semana reforçou o discurso de Lula, durante reunião ministerial ontem (17), ao pressionar os ministros para divulgarem as ações de suas pastas. Os números da pesquisa surpreenderam, já que não foram captados pelo tracking do governo — levantamentos diários para monitoramento de diversos temas, como eleição. A comunicação de Lula esperava desempenho mais fraco de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), indicado pelo pai para enfrentar o petista em 2026.
Sobrou pra geral
A pesquisa aponta que a população está achando mais difícil conseguir emprego. Lula atribui a culpa aos ministros da Fazenda e do Trabalho.
Santo Sidônio
O petista quer que Sidônio Palmeira, ministro da propaganda, entregue resultados. O presidente estacionou e não consegue subir na aprovação.
Arsenal
Para 2026, a ordem de Lula é colher dividendos de programas como “Pé de Meia”, “Gás do Povo” e o aumento da isenção do imposto de renda.
Velha desculpa
O projeto da dosimetria contou com o voto do PT, na aprovação de goleada na CCJ (17 a 7): Fabiano Contarato (ES). O senador recorreu ao velho expediente petista nessas situações: disse que se enganou.
Voto pronto
Houve motivo para o atraso de Flávio Bolsonaro (PL-SP) com empresários em São Paulo, ontem. O pré-candidato à Presidência estava a postos para votar o projeto da dosimetria no Senado.
Enxotou
Após Lula constatar que Celso Sabino de pouco servia sem um partido — e, portanto, sem votos no Congresso — levou menos de 10 dias para se livrar do agora ex-ministro, após a expulsão do União Brasil.
Diga X
No dia da expiação de Celso Sabino, Lula convocou o então ministro para posar na “foto de família” da reunião ministerial de ontem (17). Poucas horas depois, o demitiu.
Passe o cartão
O Congresso fez um agrado a Lula e autorizou o governo federal a contratar empréstimos internacionais de cerca de R$ 1,3 bilhão. A verba seria destinada à ampliação da internet em pequenos municípios.
Lobo solitário
Otto Alencar (PSD-BA) ficou isolado na CCJ ao falar sobre o projeto da dosimetria. Nenhuma alma viva da liderança do governo apareceu para defender o tema. Ele então reduziu o pedido de vista para poucas horas.
Depende dele
Presidente do Progressistas, Ciro Nogueira não descarta apoiar a candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) ao Planalto. Diz que conversa com o senador e que depende dele fazer a campanha andar.
Atropelo supremo
“O STF passa mais uma vez por cima do Congresso”, disse a deputada Caroline de Toni (PL-SC), após o Supremo formar maioria para derrubar o Marco Temporal.
Pergunta no Pará
A demissão de Celso Sabino foi castigo ou presente?

