Artigo
O TERÇO
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Em todas as aparições de Nossa Senhora, especialmente em Lourdes e em Fátima, a Virgem sempre insiste na recitação do terço. Você sabe por que Nossa Senhora faz essa insistência? Podemos apontar alguns motivos, mas vamos salientar só um.
É porque o terço é uma oração teológica e, sobretudo, cristológica. Com efeito, cada frase da recitação do terço é uma promulgação de uma afirmação de um tema da teologia católica. Podemos ver isso claramente, quando dizemos: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco!”. Aqui, saudamos Maria, a mãe de Jesus, portanto, a filha predileta do Pai e o templo santíssimo do Espírito Santo. E, por tudo isso, Maria é a cheia de graça; aliás, no texto grego de São Lucas, o termo usado para dizer “cheia de graça” é “kecaritoméne”, que significa mesmo “pleníssima” de graça, ou seja, aquela que recebeu todas as graças possíveis.
Por isso, Deus está com ela e nela. Até aqui já declaramos muita coisa da nossa fé católica, ou seja, Maria, é pleníssima do Espírito Santo. Por isso, Maria é a bendita entre todas as mulheres. Estamos seguindo o Evangelho de Lucas: depois de lembrar o encontro de Maria com o Anjo Gabriel (Lc 1,28), agora é a vez do encontro de Maria com Isabel (Lc 1,42) e note-se que o adjetivo usado, por Isabel, para Maria é o mesmo usado para o seu fruto: Jesus! A Mãe não pode ser separada do Filho!
Na Ave-Maria, a palavra Jesus está no meio da oração, como se fosse uma dobradiça, que a liga a primeira parte à segunda. Na verdade, Jesus é a razão e o motivo de tudo quanto é Maria, a bendita, a pleníssima de graça, que tem Deus em si em plenitude do quanto uma criatura pode ter.
A segunda parte da Ave-Maria é outra belíssima e profundíssima aula de teologia. Começamos com “Santa Maria, mãe de Deus”. Na verdade, isso já fora anunciado, de certa maneira, por Isabel, quando ficou estupefata com a visita da “mãe do meu Senhor”. Note-se que Lucas traduz a palavra “Senhor” com o termo grego Kyrios, que traduz na Bíblia grega um dos vocábulos usado na Bíblia hebraica para dizer Deus. Mas, a teologia católica discutiu muito até chegar à declaração do concílio Éfeso de que Maria é “theotócos”: a mãe de Deus. O raciocínio é simples: Jesus tem uma só pessoa, a pessoa divina, em duas naturezas e, como Maria é a mãe da natureza humana da pessoa divina de Jesus, consequentemente ela é também a mãe de Deus.
Rezemos o terço, sobretudo no mês de maio, como uma atitude de fé cristã e de amor Àquela que nos deu Jesus, o nosso Salvador, caminho, verdade e vida.