Pai Nosso, a oração para alinhar a Terra aos padrões do céu

A pedido de seus discípulos, como escreveu Lucas em seu Evangelho (Lc 11.1), Jesus ensinou a oração do Pai Nosso, um modelo de diálogo estabelecendo alguns princípios a serem observados quando a pessoa orar ao Criador do Céu e da Terra. A oração não propõe uma atitude passiva diante do caos do mundo. Jesus oferece um desafio aos que querem um mundo diferente, dentro da lógica de Deus.

‘Pai Nosso que estás no Céu, santificado seja o Teu nome’. Nesta primeira parte da oração Jesus ensina a necessidade que o ser humano tem de recuperar a dimensão da paternidade de Deus e honrar o Seu nome. A expressão “santificado seja o Teu nome” demonstra uma grande reverência pelo nome do Pai. Com isto, Jesus está ensinando a iniciar a oração motivado por amor e senso de temor.

Esses esclarecimentos foram dados pelo diácono e professor Eliézer Malta Pinheiro reportando-se às aulas online que ministrou para a Classe Alternativa na Escola Bíblica da Igreja Batista Betel, em Jaraguá. Neste trimestre, a classe está estudando ‘A Doutrina Bíblica da Oração’. A lição do Pai Nosso foi dividida em duas partes ministradas nos dois últimos domingos de agosto (23 e 30).

O conceito de Deus, como Pai, na visão do professor, pode ser aprimorado ou dificultado em função da experiência familiar. “A pessoa que teve um pai amoroso e cuidadoso compreenderá instintivamente o que Jesus estava ensinando”, disse Eliézer. Na parte seguinte da oração, segundo ele, Jesus ensina que, “para estabelecer essa relação íntima e afetuosa, é preciso saber honrar a Deus”.

INJUSTIÇA E VIOLÊNCIA

‘Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu’. Nesta parte da oração, Jesus ensina que a vida, da maneira que muitos vivem, não reflete a expressão mais profunda da vontade de Deus. “O mundo em que vivemos é injusto, violento; muita coisa não faz sentido, porque está em desarmonia com o Céu”, acentuou o professor e procurador aposentado do município de Maceió.

Como ilustração do que tinha compartilhado com seus alunos sobre a oração do Pai Nosso, Eliézer citou a mentira, que o mundo estabeleceu como padrão, dizendo que no Céu prevalece a verdade. A ganância, outro fator que motiva as pessoas, não existe no Céu, pois lá o padrão é a justiça. “Essas são algumas das desarmonias pelas quais Jesus nos ensinou a orar”, enfatizou.

Nos estudos com sua classe, ele discorreu, ainda, sobre o fato de os inquilinos da Terra, em sua grande maioria, se servirem do seu próximo. “No Céu é o inverso, com todos servindo ao próximo! Aqui, as pessoas também primam pela vingança, mas o padrão do Céu é o perdão! É por isso que Jesus ensinou a orar para que a vontade de Deus seja feita na Terra, assim como acontece no Céu”.

CULPANDO A DEUS

Na sequência do estudo da EBD sobre a oração do Pai Nosso, Eliézer Malta colocou em discussão a responsabilidade que muita gente atribui a Deus quando as coisas dão erradas. “As pessoas veem que há crianças morrendo de fome e acusam a Deus! Testemunham os muitos atos de violência e injustiça e culpam a Deus! Eu pergunto: qual é a responsabilidade que Deus tem com isso?”, questiona.

A resposta a esse questionamento, segundo Eliézer, está na oração do Pai Nosso. “Deus não é culpado pela maneira como o mundo se encontra. Se nós choramos com essa desarmonia, Jesus também chora (Lucas 19:41-44), pois seu desejo é que que vivamos de acordo com a nova maneira de olhar para a vida, como Ele ensinou, clamando pela vontade do Pai. Mas a lógica do mundo é diferente da lógica de Deus”.

A oração do Pai Nosso, que se encontra em Mateus 6 e Lucas 11, ainda de acordo com ele, “segue ensinando-nos a confiar em Deus para suprir nossas vidas (o pão nosso de cada dia nos dá hoje). Jesus está falando aqui como metáfora para tudo o que nós, como seres humanos, precisamos para nos manter na vida, o que inclui, também, saúde, afeto, trabalho e dignidade”.

Na segunda parte do estudo, extraído da revista da Escola Bíblica Dominical (EBD), Jesus ensina, na oração do Pai Nosso, a lidar com a confissão e com o perdão (... e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como também temos perdoado aos nossos devedores). “Por último, ensina a perdoar aos que nos ofenderam, a lidar com a tentação e com o maligno e pedir que Deus nos livre do mal”, concluiu o professor.