A sala de espera em um consultório médico geralmente causa angústia e ansiedade, pois vai envolver um diagnóstico, atendimento ou tratamento que mexe com as emoções diante daquilo que pode acontecer. Mas o que dizer quando se espera por Deus e Ele parece ter colocado você em uma sala de espera solitária, dolorida e escura, cujas paredes possuem perguntas sem respostas?

A indagação foi extraída da introdução de uma reflexão do pastor Farley Filho focada no tema do livro intitulado ‘A sala de espera de Deus’. De autoria do pastor evangélico Lisânias Moura, que foi jornalista da revista Ultimato por muito tempo, a obra explora as lições de vida do profeta Habacuque entrelaçadas com histórias reais, levando o leitor do caminho do desespero à esperança.

“É assim que muitas vezes nos encontramos, na sala de espera do Senhor! Eu não sei como tem sido essa experiência em sua vida nesses quase 15 meses de pandemia, mas vejo a necessidade de se exercitar a paciência diante daquilo que vai acontecer, crendo que a sala de espera pode se transformar numa sala de esperança”, recomendou o pastor e psicólogo Farley.

PACIÊNCIA DE MOISÉS

A reflexão, no culto de domingo à noite na Comunidade Batista de Maceió, em Ponta Verde, tinha Moisés como personagem principal – o homem mais paciente que já passou pela Terra, como está escrito no livro de Números 12.3. O símbolo de paciência que o mundo conhece é atribuído a Jó, mas nesse versículo, como fez ver o pastor, a paciência de Moisés era a maior que havia na Terra.

“É muito interessante quando vamos para a história de Moisés e começamos a perceber por que Deus o chamou de homem muito paciente. É que as coisas em sua vida não aconteceram de uma hora para outra”, disse o pastor, mostrando como Deus trabalhou na vida de Moisés durante 120 anos, deixando-o, nos primeiros 80 anos, em silêncio na sala de espera.

Nos primeiros 40 anos de vida, Moisés viveu no palácio de faraó, rei do Egito. Fugiu e se deparou com um egípcio maltratando um escravo hebreu – povo ao qual pertencia – e o matou. Foi morar no deserto de Midiã, aonde viveu até os 80 anos. Casado e com dois filhos, encontrou-se com Deus, que de uma sarça ardente falou com ele quando pastoreava o rebanho do seu sogro, Jetro.

“Em Êxodo 2.23, veremos que os hebreus continuavam debaixo da escravidão egípcia; geração se passava e parece que o livramento do Senhor não chegava. E são muitas vezes assim que nos encontramos: clamando, gemendo, pedindo a Deus para que a situação mude; que algo aconteça, mas a resposta não chega ao nosso tempo”, prosseguiu Farley Filho.

A boa notícia da reflexão foi quando ele afirmou que Deus está ouvindo o clamor do povo, como mostrou na leitura de Êxodo 2 e 3. A partir daí, Deus começa a trazer resposta para o seu povo e agir na direção da mudança daquilo que ia fazer por intermédio de Moisés, apesar das dúvidas e medo que ele demonstrou ao ser chamado para tirar os hebreus da escravidão egípcia. Deus só mandou Moisés voltar ao Egito depois que foram mortos aqueles que queriam matá-lo por ter eliminado o egípcio que maltratava seu irmão. Era o tempo certo para ele voltar! O tempo de Deus!

“Em Números 12.7,8 vemos a transformação que Moisés vivenciou por ter experimentado esse tempo certo de Deus para sua vida”, disse.

FORTALECENDO A FÉ

Na avaliação do jovem pastor, muita gente precisa entender que a sala de espera de Deus – “caso seja o lugar que você está hoje, é o lugar que Ele está usando para fortalecer a sua fé e o seu caráter. Foi por estar nessa sala de espera, e crendo no Senhor, que Moisés não apenas conheceu Deus de ouvir falar! Ele O conheceu face a face!”.

A sala de espera, para Farley Filho, “é o tempo para Deus moldar nossa fé e nosso caráter para sairmos de lá transformados”, disse. “Seja como for, creia que Deus continua trabalhando! O Senhor está no controle e, ao sair dessa sala, não sairemos da mesma forma que entramos. Sairemos transformados”, finalizou.