Artigo
OS DESÍGNIOS DE DEUS
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Há um adágio popular, que mesmo não sendo teologicamente certo, tem uma boa dose de teologia mística. O povo diz: Deus escreve certo com linhas tortas! Ora, as linhas de Deus nunca são tortas. As linhas da escrita divina são retas; nós, porém, é que não temos capacidade de compreender a escrita de Deus. Em todo caso, o povo tem razão, pois Deus tem os seus desígnios para tudo e para todos.
Deus não é só criador, mas é também providente, ou seja, o que criou ou cria, não deixa ficar à toa, sem direção, mas para todo ser Deus dá uma missão, uma vocação, um objetivo. Isto acontece com todo respeito à liberdade humana, porque sem ela, a criatura não seria humana, mas um robô. A providência divina tem os seus caminhos para a história da humanidade. São caminhos para o bem, o progresso, a felicidade de cada ser humano e este é livre para palmilhar ou não os caminhos de Deus.
Os desígnios divinos podem, certas vezes, parecer contraditórios, incompreensíveis e até impossíveis. Por isso, a criatura humana nunca deve dar, no primeiro momento, uma resposta negativa a Deus, que é onipotente e onisciente. Nós, porque somos limitados na nossa inteligência, muitas vezes não percebemos o alcance divino. Temos necessidade de refletir e rezar, para que o Espírito Santo nos ilumine e nos dê força para aceitar a vontade divina.
O certo é que tudo que Deus estabelece como caminho na nossa vida é bom e salutar. Muitas vezes, a estrada divina é complicada e dá muitas voltas, mas no final tudo será bom, bonito e feliz. Basta olhar os casos dos santos. Vejamos Abraão, Moisés, os profetas, José do Egito e o próprio Jesus. Nas suas vidas aparece claramente a ação de Deus, sobretudo porque nessas vidas há reviravoltas, curvas, subidas e descidas tremendas, que nos assustam, mas no fim tudo sai bem. Vejamos, por exemplo, o caso de José, quando ele é vendido pelos irmãos como escravo, tudo parece que era o fim triste da sua história. Aos poucos, tudo muda. Deus tinha um desígnio para José e este se realiza através da honestidade e fidelidade de José e da bondade de Potifar.
Quando o desígnio divino depende só de Deus, ele se realiza sempre; quando, porém, o desígnio divino depende também do homem, Deus respeita a liberdade humana, embora ele faça sempre acontecer o que Ele quer. Mesmo através da dureza e erros humanos, Deus realiza seus planos.
É bom, pois, meditar os desígnios divinos nas vidas dos santos e aprender com eles como realizar os planos de Deus a nosso respeito, apesar das nossas fraquezas.