Artigo
MARTA, MARIA E LÁZARO
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Na primeira impressão, somos tentados a ver Marta como a mulher muito ativa e, por isso, recriminada por Jesus; a ver Maria como a contemplativa, que só gosta de ouvir Jesus e, por isso, elogiada por ele, e esquecemos Lázaro, que nunca diz nada. Todavia, esses três irmãos têm muito para nos ensinar. Vejamos.
Em primeiro lugar, é bom lembrar que a casa deles, em Betânia, está perto de Jerusalém e era frequentada por Jesus nas suas andanças pela Judeia. Santo Agostinho nos diz que não devemos ter inveja desses felizes irmãos, que hospedaram Jesus, porque também nós podemos hospedar o Mestre nos pobres e desamparados.
Cada pessoa humana tem um temperamento, uma personalidade, que é inata e herdamos dos nossos antepassados e aumentamos com o decorrer da vida e em contato com as pessoas, com o mundo. Esses temperamentos têm, cada um, dois cestos, um cheio de qualidades e outro cheio de defeitos.
Ninguém deve, pois, revoltar-se com seu temperamento. Basta descobri-lo, saber usá-lo e aperfeiçoá-lo.
No caso específico da família de Betânia, Marta é uma pessoa muito ativa, que se preocupa demais com os afazeres, esquecendo o essencial, que é invisível.
Maria, por sua vez, era uma pessoa contemplativa, que gostava de ouvir Jesus e meditar sobre suas palavras, esquecendo, porém, que o contemplativo tem de viver sua mística no cotidiano da vida, nas realidades práticas de cada dia.
Lázaro, chefe da família era uma pessoa calma, calada, humilde, que não fez alarde de sua ressurreição, mas dela foi testemunha perante todos, pois muitos queriam vê-lo após seu retorno à vida. Como vemos, cada um dos irmãos tem muito a nos ensinar, sobretudo no esforço de completar e aperfeiçoar nosso temperamento.
Perguntaram a Santo Tomás de Aquino qual o modo de vida mais perfeito: o contemplativo ou o ativo? Ele respondeu: o modo de Jesus, contemplativo e ativo, isto é, a mística com a caridade, a ação com a oração.
Descubramos, pois, nosso temperamento, as fraquezas e os defeitos que temos. Tentemos corrigi-lo e, imitando Jesus, vivamos, então, alegres e felizes.