Artigo
----- MARIA, A HUMILDE -----
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Maria Santíssima foi elevada à mais sublime dignidade na terra, ser mãe de Jesus, no entanto ela nunca aproveitou desse título para se envaidecer. Na terra, as pessoas fazem questão de apresentar seus títulos; de mostrar suas qualidades, seus cargos, suas capacidades para serem reconhecidas pelas outras. Maria, ao contrário, diante das grandezas com as quais Deus a cumula, sente-se mais pobre, “mais pequena” e se esconde no seu nada.
Quando o Arcanjo Gabriel lhe anuncia que ela fora escolhida por Deus para ser a mãe de seu Filho, ela não se envaidece, mas primeiro pede uma explicação de como isso aconteceria. Tudo explicado, sem compreender bem o mistério, ela mergulha na fé e diz seu sim com humildade: Eis aqui a “escrava” do Senhor!” Ela diz “escrava” e, não, serva. A palavra grega é “dulos”! A serva tem direitos e a escrava, não!
O silêncio que segue a esse anúncio é algo estupendo. Com efeito, Maria não faz alarde de sua dignidade e não o comunica sequer a José, seu noivo. Ela reconhece que, o que nela aconteceu é obra puramente de Deus. Ela não merece nada, foi a graça divina que operou nela maravilhas! Por isso, quando Isabel a exalta por ser mãe do seu Senhor, ela se apressa a dizer a verdade: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a pequenez de sua escrava. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão bem-aventurada porque ele fez para mim coisas grandiosas.” (Lc 1,46-49)
O evangelho nos conta que, certo dia, Maria acompanhou alguns parentes numa visita a Jesus, que pregava a Boa Nova do Reino. Quando Maria chegou aonde estava Jesus, por causa da multidão, ela e os demais da comitiva não puderam se aproximar do Mestre. Avisaram a Jesus que sua mãe e seus parentes estavam ali. A quem deu essa notícia, Jesus disse: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: Eis minha mãe, eis meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Mt 12,49)
Maria não se altera com estas palavras de Jesus. Ela já entendia muito bem a importância e a diferença do biológico e do espiritual no seu relacionamento com seu Filho. A humilde Maria sabia que sua total disponibilidade à vontade divina era o que a fazia importante. Por isto, em Caná da Galileia, ela não se decepciona com a resposta um tanto indiferente do seu Filho, pois de imediato e de uma maneira feminina e maternal leva Jesus a fazer o milagre.