... 64 ANOS DE SACERDÓCIO ...

Celebrei, há pouco, 64 anos de sacerdócio. Fui ordenado padre no dia 14 de março de 1959, em Roma. Nesse dia, muitos foram os candidatos à ordenação do sacerdócio, diaconato, subdiaconato e outros ministérios. A cerimônia começou às 7 horas da manhã e terminou por volta das onze. O ordenante foi um bispo italiano, muito velho e muito santo. Ele ordenou cada um como se fosse o único a ser ordenado. Antes da cerimônia, ele disse ao reitor da igreja: hoje quem manda aqui são os ordenandos, mostrando assim seu apreço pelo sacerdócio.

Depois da ordenação, eu e meus colegas brasileiros, voltamos para nosso colégio na Via Aurélia, onde fomos recebidos com música e um belo almoço. Nossos colegas limparam nossos quartos e lá puseram bandejas de doces e salgadinhos. À tarde, recebemos os amigos, que vieram nos cumprimentar e receber nossa bênção sacerdotal. O dia terminou com o canto das Vésperas e a bênção do Santíssimo Sacramento. Nos dias seguintes, fui celebrar minhas primeiras missas em várias igrejas de Roma.

Antes da minha ordenação, tive um problema. É que eu não podia me ordenar, pois eu tinha 23 anos e a idade mínima, na época, para a ordenação sacerdotal, era 24 anos. Apelei para a irmã de Santa Teresinha, minha amiga e que estava às portas da morte. Pedi-lhe, por carta, que, chegando ao céu, falasse com sua irmã santa para conseguir a licença para a minha ordenação e foi o que aconteceu, pois o cardeal Aloísio Mazella, meu amigo, prefeito da Congregação dos Sacramentos, concedeu-me a tão desejada licença. Assim, pela intercessão de Santa Teresinha, a pedido de sua irmã Celina, pude realizar meu sonho de me ordenar padre.

Nesses 64 anos, trabalhei um mês na Paróquia de Nossa Senhora do Bom Parto; 39 anos na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Vergel, e há 24 anos estou na Paróquia do Divino Espírito Santo, em Jatiúca. Nesses longos anos, construí e reformei igrejas, escola e casas paroquiais. Administrei os sacramentos a milhares de fiéis, Atualmente, já idoso, com 87 anos, ainda sinto forças para pastorear uma paróquia e me sinto um padre feliz. Errei muitas vezes mas, com a graça divina, levantei-me e hoje emprego todo meu querer e minhas forças para ser um padre conforme vontade do sumo e eterno sacerdote, Jesus Cristo. Hoje, celebro minha missa como se fosse a primeira. Reconheço que sou fruto da misericórdia divina, dos cuidados de Maria Santíssima, do carinho dos meus santos protetores, entre eles, São José, Santa Teresinha, São João XXIII e muitos outros.