ARTIGO
O primado de Pedro em Jerusalém
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O primado de Pedro se manifesta claramente mesmo depois da Ascensão, como se pode notar nas poucas lembranças do Novo Testamento. Note-se, porém, desde logo, que as relações entre Pedro e os demais apóstolos, que logo se espalharam pelo mundo afora para pregar o evangelho com todos seus poderes, não podiam ser iguais às relações hoje existentes entre o Romano Pontífice e os Bispos. Afinal, com o passar do tempo, a Igreja foi se organizando e estabelecendo normas para bem viver e bem executar sua missão evangelizadora.
Querer que hoje seja igualzinho aos primeiros dias da Igreja seria um anacronismo sem fundamento nem na história, nem na própria estrutura da Igreja, que se desenvolveu e se espalhou pelo mundo. Mesmo assim, podemos notar, com clareza, a subordinação dos apóstolos ao primado de Pedro.
Foi por sua instigação que foram tomadas as providências para preencher a vacância deixada por Judas no colégio apostólico e foi Pedro que ditou as normas para a eleição do substituto do traidor (At 1,15-26). É curioso que há uma variante do versículo 24, em que se lê, justamente para pôr em relevo o papel de Pedro: “Fez esta oração” em lugar de “Fizeram esta oração”.
Mesmo tomando ciência de todas as observações dos exegetas a respeito dessa passagem dos Atos, não resta dúvida de que, explícita ou implicitamente, Lucas ressalta a primazia de Pedro na eleição de Matias. Mas, há ainda outros fatos importantes, que mostram, de algum modo, como Pedro, de fato, teve um comportamento especial de chefe da Igreja de Cristo.
Vejamos, por exemplo, a punição de Anafais e Safira (At 5,1-11), em cuja narração salienta-se o versículo final, que é como a conclusão do acontecido (v.11), o qual demonstra, implicitamente, a reação em toda a Igreja à atitude de Pedro.