O papa, vigário de Cristo

Com efeito, há pelo menos quatro pontos nesse texto, que merecem nossa investigação e reflexão. Em primeiro lugar, devemos observar que são usados dois termos diferentes para designar amor, o que, em última análise, pode não dizer muito, porque João costuma usá-los como sinônimos. Em segundo lugar, Jesus usa também dois termos diferentes para designar seus fiéis (cordeiros e ovelhas), mas isso pode não significar propriamente uma distinção, se consideramos o uso sinônimo dos dois termos para amor. Em terceiro lugar, aqui temos o primeiro ponto relevante para nosso estudo, Jesus ordena a Pedro que apascente seu rebanho, feito de cordeiros e de ovelhas. Jesus usa dois termos também para o verbo apascentar. Parece que não devemos ver, também neste caso, uma distinção real entre ambos, embora um signifique mais um cuidado com a alimentação, enquanto o outro saliente o governo do rebanho, o domínio e a direção sobre as ovelhas e os cordeiros. Seja como for, o que importa é que é conferido a Pedro um poder primacial, entre os seus pares apóstolos, sobre o rebanho de Cristo.

E isso aparece mais claro quando notamos que Jesus confere a Pedro uma missão pessoal, chamando-o pelo próprio nome, e uma missão universal, pois é imposta sobre todo o rebanho. Mas não devemos esquecer que se trata de uma missão vicária, pois Pedro terá poder sobre o rebanho de Jesus (meus cordeiros, minhas ovelhas). Esse fato mostra realmente que Pedro é o Vigário de Cristo na terra; que o Papa, sucessor de Pedro, continuador de sua missão na Igreja, é o atual Vigário de Cristo neste mundo.

A verdade, pois, é que o Espírito Santo também foi dado aos apóstolos e a todos eles foi dado o dom de ligar e desligar, mas somente Pedro recebeu as chaves do Reino dos céus; somente Pedro é a rocha sobre a qual Cristo construiu sua Igreja; somente Pedro é feito Pastor do rebanho de Cristo como um todo.