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Nº 5905
Economia

Alagoas � 4� Estado do NE em conflitos no campo

Alagoas ocupa a quarta posição entre os Estados nordestinos com maior número de conflitos no campo ocorridos em 2001, perdendo apenas para Pernambuco, que lidera a lista, Maranhão e Paraíba. Em relação ao País, o Estado é o 12o colocado, registrando 26

Por | Edição do dia 15/09/2002 - Matéria atualizada em 15/09/2002 às 00h00

Alagoas ocupa a quarta posição entre os Estados nordestinos com maior número de conflitos no campo ocorridos em 2001, perdendo apenas para Pernambuco, que lidera a lista, Maranhão e Paraíba. Em relação ao País, o Estado é o 12o colocado, registrando 26 casos de conflitos com envolvimento de mais de 12 mil pessoas e um saldo de pelo menos uma morte e duas tentativas de assassinato de trabalhadores rurais. Os números foram  divulgados no último dia 25, o Dia do Trabalhador Rural, no lançamento do caderno Conflitos no Campo Brasil 2001, uma publicação da CPT que revela, desde 1985, a realidade nacional sobre a reforma agrária, os conflitos e a violência decorrente deles. A publicação também confirma Alagoas como o Estado onde ocorreu o maior número de ocupações de terra no Nordeste, lideradas por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores (MT) e da própria Comissão Pastoral da Terra. Foram realizadas no ano passado 14 ocupações de fazendas no Estado, envolvendo 1.634 famílias em 13 municípios, entre os quais Pão de Açúcar, Arapiraca, Anadia, Atalaia, Joaquim Gomes e Messias. A maioria das áreas foi ocupada num único dia - 28 de março - e no total abrangeram 8.160 hectares de terras. Segundo aponta os dados da CPT, as ocupações em Alagoas foram quase o dobro das realizadas no Maranhão - com 9 fazendas tomadas por sem-terra - e quase o triplo das ocorridas em Pernambuco, que assentaram 1.579 famílias em seis áreas. Ainda assim, Alagoas ficou abaixo das estatísticas dos dois estados em casos de violência praticada contra pessoas. Também não há nenhum registro de conflito trabalhista e nem de trabalho escravo. Levantamento O levantamento da CPT mostrou que a situação no campo tem se tornado cada vez mais grave e que as áreas de conflitos crescem em todas as regiões, principalmente no Nordeste, responsável por 40% dos embates ocorridos no País, no ano passado. Um dos aspectos mais preocupantes é o crescimento dos assassinatos de lideranças envolvidas nesses conflitos. Segundo o caderno da Comissão Pastoral da Terra, o número de assassinatos de sem-terra aumentou 40% em relação a 2000 e deve permanecer em crescimento este ano. Vinte e uma pessoas foram mortas em conflitos durante todo o ano de 2001, enquanto que no primeiro semestre deste ano, já foram registradas seis mortes, sendo três no Pará, uma no Piauí, uma em Pernambuco e uma em Alagoas, ocorrida no dia 25, em Branquinha. Também cresceram os números de ameaças de morte (132 em 2001, contra 85 em 2000). Manifestações O levantamento da CPT alerta para o crescimento das manifestações realizadas por trabalhadores rurais, integrantes de movimentos diversos, em todas as regiões do País. Segundo os números, a cada ano essas mobilizações aumentam, proporcionalmente às medidas punitivas e restritivas impostas pelo poder público aos movimentos ou andamento da reforma agrária. Em 1998 essas manifestações somaram 127; em 1999 foram 167; em 2000 foram registradas 407, e no ano passado, 493 manifestações envolvendo a participação de mais de 478 mil pessoas. Alagoas já está, este ano, entre os quatro estados brasileiros em maior número de manifestações, sendo que cinco delas realizadas em Maceió as restantes nos municípios de Joaquim Gomes, Messias, Novo Lino e São Luiz do Quintunde/Flexeiras. Em Alagoas também estão os maiores números do Nordeste em pessoas despejadas de terras ocupadas, somando 200; de pessoas ameaçadas de despejo (761) e de pessoas ameaçadas de expulsão das terras (240). Os despejos só foram mais numerosos nos estados da Bahia (290) e em Pernambuco (800).

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