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Nº 5759
Economia

Buracos tomam conta das rodovias de Alagoas

SEVERINO CARVALHO Sucursal União dos Palmares – Buracos, poeira, lama. A estrada mais parece uma picada. No entanto, trata-se de um dos piores trechos de rodovia federal em Alagoas: a BR-104. São mais de seis quilômetros sem asfalto. Velocidade reduz

Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00

SEVERINO CARVALHO Sucursal União dos Palmares – Buracos, poeira, lama. A estrada mais parece uma picada. No entanto, trata-se de um dos piores trechos de rodovia federal em Alagoas: a BR-104. São mais de seis quilômetros sem asfalto. Velocidade reduzida e paciência aumentada, entre o município de União dos Palmares e a divisa do Estado com Pernambuco. Orçada em R$ 9.549.917.09, a restauração do subtrecho, iniciada em 23 de janeiro do ano passado, deveria estar concluída em 17 de abril último, mas outubro se aproxima e apenas 14 dos 35 km foram recuperados até agora. As obras, este ano, só foram executadas do km 28 ao 35 e ainda estão inacabadas. Falta sinalização horizontal e vertical. Depois do km 28 são, pelo menos, mais seis mil metros de buraqueira, estrada sem asfalto, que quando o sol esquenta faz levantar um lençol de poeira, com o vaivém dos veículos. Em dias de chuva, a lama toma conta do trecho. Paisagem Carro parado no acostamento com pneu arriado, veículos inertes com problemas de suspensão e motoristas estressados, revoltados com o descaso, fazem parte da “paisagem” empoeirada. O carreteiro José Adélio faz, há anos, o transporte de madeira, do município de Breu Branco, no Pará, para a capital alagoana. Ele corta vários Estados nordestinos até chegar em Maceió e afirma: trecho pior ou igual ao da BR-104 em Alagoas, só no Piauí. “Da divisa até chegar em União dos Palmares é uma buraqueira só. Danifica o carro e a gente sofre também. Temos que ter atenção redobrada”, diz o carreteiro. Os acidentes também são freqüentes, mesmo com os veículos desenvolvendo baixa velocidade. Os mais comuns são as colisões traseiras. Sinalização não existe. As poucas placas que restam ou estão encobertas pelo mato ou não fazem mais sentido. Como obedecer a orientação de desenvolver 60 km num trecho onde a velocidade média não passa de 20 km. Como em outras rodovias em Alagoas, gente das comunidades próximas à BR-104 fazem da péssima condição da pista o meio para garantir alguns trocados. Muitos são menores de idade, como José Cícero da Silva, 17. Enxada na mão, ele cumpre uma jornada de oito horas diárias tapando os buracos que o governo deixou na rodovia. Chega a ganhar até R$ 4,00. A rodovia BR-104 está avariada no restante do trecho, sobretudo entre Branquinha e Murici. Um dos trechos críticos fica nas proximidades da extinta Usina São Simeão, numa curva. A cabeceira da ponte sobre o Rio Branca Grande também é outro perigo. O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT, ex-DNER) já fez vários reparos no local, mas o buraco torna a aparecer. ### Sucursais Gazeta – De Norte a Sul, de Leste a Oeste, trafegar pelas rodovias em Alagoas exige, sobretudo, paciência dos motoristas e, muitas vezes, sorte para não ser assaltado. Ter a viagem interrompida pelos  sem-terra ou até mesmo pelos índios virou rotina. Mas, nessa reportagem especial produzida pelas sucursais GAZETA (União dos Palmares, Arapiraca e Maragogi), mostramos um problema que aflige, diariamente, os motoristas e que não se trata de uma problemática social: os buracos. Espalhadas por todas as partes, verdadeiras “crateras” tomam conta da malha viária alagoana, sem distinção entre rodovias estaduais ou federais. Na BR-104, no trecho entre União dos Palmares e a divisa com Pernambuco, são mais de seis km onde o asfalto já desapareceu. Tanto na rodovia federal quanto na AL-101 Sul, no trecho que liga os municípios de Penedo a Piaçabuçu, a buraqueira virou “meio de vida” para muita gente. Sem emprego, o jeito é ganhar dinheiro dos motoristas tapando os buracos que os governos deixaram. Até nas rodovias recém-reconstruídas, como é o caso da AL-101 Sul, os buracos já mostram a fragilidade e péssima qualidade dos serviços. Não se faz mais pista como antigamente. Em menos de um ano de inaugurada, a tão propagada reforma da rodovia AL-115, na Serra das Pias, em Palmeira dos Índios, volta a apresentar problemas.

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