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Nº 5759
Economia

Pacote do governo derruba d�lar, mas eleva juros

A ação do Banco Central, que decidiu elevar a alíquota de recolhimento compulsório para tentar reduzir o volume de recursos disponíveis nos bancos para investimento em dólar, poderá resultar em alta dos juros para o consumidor e empresas. Ao aumentar a a

Por | Edição do dia 12/10/2002 - Matéria atualizada em 12/10/2002 às 00h00

A ação do Banco Central, que decidiu elevar a alíquota de recolhimento compulsório para tentar reduzir o volume de recursos disponíveis nos bancos para investimento em dólar, poderá resultar em alta dos juros para o consumidor e empresas. Ao aumentar a alíquota do compulsório, o BC deixa as instituições com menos recursos livres, por isso, o custo do dinheiro disponível para o consumidor deverá ficar mais caro. O recolhimento compulsório é exatamente um percentual sobre os depósitos, definido pelo BC, que os bancos têm de recolher à instituição. Assim, o BC enxuga a liquidez (dinheiro disponível) do mercado e o crédito fica mais caro. Mais juros O mercado já cogita a possibilidade de um aumento no juro básico, caso as medidas anunciadas ontem pelo Banco Central para reduzir a volatilidade do mercado financeiro, principalmente do câmbio, não surtam efeito. A afirmação foi feita pelo analista do banco Prosper, Gustavo Alcântara. Essa perspectiva elevou as projeções das taxas de juros futuros negociadas na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). No vencimento mais curto, de novembro deste ano, por exemplo, a taxa passou de 18,55% ao ano, quinta-feira, para 18,95%, ontem. A projeção para dezembro subiu de 19,59% para 20,10% ao ano. Os juros negociados para janeiro de 2003 aumentaram de 20,95% para 21,50%. A taxa básica brasileira (Selic) está em em 18% ao ano. ‘’Estamos em um momento crucial. Ou as coisas vão ficar muito pior, ou vão melhorar bastante. Torço para melhorar’’, afirmou o analista. Alcântara considerou ‘’boas’’ as medidas tomadas pelo BC. Ele acredita, porém, que elas poderão reduzir as aplicações dos bancos em alguns ativos, como em bolsa de valores, por exemplo. ‘’As medidas diminuem a alavancagem do sistema como um todo. Ou seja, reduzem o dinheiro na mão dos bancos, que podem deixar de aplicar em alguns ativos para manter aplicações em dólar’’, afirmou. ‘’O BC utilizou um arsenal grande e a parte do mercado que não está comprada que aposta na queda do dólar espera que a iniciativa dê certo’’, acrescentou. Dólar desaba com medidas do BC e fecha cotado a R$ 3,82 O Banco Central agiu com energia ontem no mercado e fez o dólar encerrar o dia em queda. A moeda norte-americana teve baixa de 4,26%, a maior em um dia desde agosto, e fechou negociada a R$ 3,82. Na semana, o dólar acumulou alta de 5,5%. No meio da tarde, logo após o anúncio do novo pacote do BC para tentar inibir a pressão na moeda, o dólar atingiu seu menor valor durante o dia -em queda de 7,27%, foi negociado a R$ 3,70. O BC anunciou medidas que reduzem a liquidez do mercado e restringem a exposição ao câmbio das instituições. Há meses havia uma ala do mercado que cobrava uma presença maior do BC para tentar impedir a forte especulação com o dólar. A avaliação entre a maior parte dos analistas foi a de que a autoridade monetária agiu corretamente ontem. Os críticos avaliaram que houve demora na adoção das medidas e que elas foram detonadas pelo mal-estar causado por declarações do presidente do BC, Armínio Fraga, quarta-feira. Há no mercado, em especial neste mês, uma necessidade real de dólares por parte do setor privado. A estimativa de operadores é que US$ 700 milhões em dívidas de empresas e bancos estão por vencer. “Além da necessidade real de dólares, há o forte componente de especulação e até manipulação de preços”, avalia José Costa Gonçalves, diretor da corretora Multistock. “Quem quiser continuar nesse jogo vai ter que dispor de muito dinheiro agora.” Medidas Confira as medidas do Banco Central para conter a escalada do dólar: - Redução do dinheiro em  circulação : O BC guarda parte dos recursos depositados nos  bancos. Agora elevou essa retenção. O percentual de repasse das contas correntes sobe de 48% para 53%; em aplicações, vai de 18% para 23%; e, em poupança, aumenta de 25% para 30% - Aumenta exigência para  negociar dólar : Os bancos não podem mais usar dinheiro de  terceiros para investir na moeda americana. Só será permitido empregar capital próprio. - Teto de operações é reduzido: Para aplicações em dólar, os bancos só poderão investir  até 30% de seu capital. Antes, o  limite era de 60%. - As consequências esperadas: Serão retirados do mercado R$ 14,2 bilhões. Os bancos tendem a vender dólares e reduzir a cotação da moeda com menos dinheiro, prevê-se aumento de juros para o consumidor.

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