Aumento do pre�o do d�lar faz subir o custo da saca de trigo e seus derivados
A queda na produção mundial do trigo, o aumento de seu consumo e a valorização do dólar ocasionaram um reajuste de 80% no preço médio da saca do produto este ano no Brasil, que já reflete no bolso dos consumidores alagoanos. Pães, massas e outros alimento
Por | Edição do dia 13/10/2002 - Matéria atualizada em 13/10/2002 às 00h00
A queda na produção mundial do trigo, o aumento de seu consumo e a valorização do dólar ocasionaram um reajuste de 80% no preço médio da saca do produto este ano no Brasil, que já reflete no bolso dos consumidores alagoanos. Pães, massas e outros alimentos à base de trigo estão mais caros. Na semana passada, por exemplo, o preço do macarrão teve um reajuste que chegou a 25%. A maioria dos países que são grandes produtores de trigo teve quebra de safra este ano em relação ao ano passado. Com menos oferta do produto e maior consumo, o preço sobe. Apenas os agricultores estão gostando dessa alteração no mercado financeiro. Eles estão aproveitando a oportunidade para fazer bons negócios e recuperar as perdas causadas pelos fatores climáticos. Todo o trigo consumido no país é importado, no Nordeste, esse índice chega a sua totalidade, somado a isso temos o seu valor internacional, o trigo em alta e o dólar disparando, fazendo com que o preço do grão atinja o mais alto patamar desde o início do Plano Real. E a tendência é aumentar ainda mais. A indústria da panificação tenta não fazer previsões pessimistas. Mas o presidente da Associação dos Panificadores do Estado de Alagoas, José Olindino Matos Filho, afirma que os empresários do setor estão segurando o quanto pode para não repassar, aos consumidores, o reajuste do preço do trigo. Novos aumentos A situação está ficando insustentável. Além do trigo tiveram aumento recentemente o fermento e o açúcar. Daqui a uns dias o reajuste será inevitável. Provavelmente, o pãozinho de 50 gramas passará a custar, no mínimo, R$ 0,20, prevê. Segundo dados da Associação dos Panificadores do Estado de Alagoas, cada pessoa que vai à padaria, sai do estabelecimento levando, em média, dez pães. Inclusive, à noite, quando a procura pelo alimento é bem maior. Os donos de padaria não têm trigo estocado. Aliás, nem mesmo os moinhos alagoanos têm o cereal em grande quantidade em seus depósitos, como assegura Marcos Aurélio Sobral Furtado, gerente comercial do Moinho Motrisa. A última importação que receberemos chegará dos Estados Unidos no próximo dia 10. Depois disso, não sabemos o que fazer. Não temos trigo suficiente para abastecermos todos os nossos compradores. De acordo com Marcos Aurélio, a situação não afeta só o Brasil. Esta crise está acontecendo em todo o mundo. Mas especialmente aqui sofremos com a falta de iniciativas por parte do governo federal para comprarmos produtos importados por um preço mais justo, conta, referindo-se ao novo preço da saca de trigo. Há algumas semanas, uma saca com 50 quilos estava sendo vendida a R$ 71 e agora, depois das sucessivas desvalorização do real em relação ao dólar, está sendo vendida a R$ 85,00.