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Nº 5811
Economia

Produ��o cai 25% nas usinas de a��car e �lcool

EDIVALDO JUNIOR Depois de ter conseguido um dos melhores resultados financeiros e um dos maiores volumes de produção na safra de cana-de-açúcar 2000/01, as indústrias de açúcar e álcool do Estado se preparam para contabilizar as perdas da moagem em execu

Por | Edição do dia 25/02/2002 - Matéria atualizada em 25/02/2002 às 00h00

EDIVALDO JUNIOR Depois de ter conseguido um dos melhores resultados financeiros e um dos maiores volumes de produção na safra de cana-de-açúcar 2000/01, as indústrias de açúcar e álcool do Estado se preparam para contabilizar as perdas da moagem em execução, prevista para terminar no início de abril. Em todos os indicadores, a safra 2001/02 será menor que a anterior. A produção de cana deve ficar entre 22 milhões e 22,5 milhões de toneladas, uma redução de 10%, em comparação com a moagem de 2000/01. A quebra de safra só não será maior por causa do fenômeno que os técnicos do setor normalmente chamam de “verão chuvoso”. No começo da moagem, em setembro, a expectativa era de uma redução na produção de cana acima de 20%, mas as chuvas que caem desde dezembro ajudaram a recuperar as perdas agrícolas e as estimativas foram refeitas. Produtividade O problema é que se as chuvas neste período ajudam por um lado, complicam pelo outro. Tecnicamente, a água é excelente para a cana que já foi colhida e ruim para a planta que ainda será esmagada. “Normalmente o efeito que a chuva provoca na cana que está num estágio próximo à colheita é apenas o acúmulo de água. A quantidade de açúcar na planta permanecerá a mesma, no entanto as indústrias terão de colher, transportar e beneficiar uma quantidade maior de matéria-prima para obter o mesmo resultado”, explica o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar-AL), Jorge Toledo. O resultado das chuvas, segundo estudos técnicos é uma redução entre 30% e 40% na ATR (Açúcar Totais Recuperáveis) – ou seja na quantidade de açúcar da planta. Com essa perda de produtividade, a estimativa do Sindaçúcar é de que o resultado industrial da safra 2001/02 será pelo menos 25% menor do que a safra anterior. “Embora a quebra na safra agrícola esteja estimada em 10%, o resultado industrial será 25% menor porque a qualidade da matéria-prima é inferior”, enfatiza Jorge Toledo. Faturamento De todos os indicadores, o pior resultado para as usinas de açúcar e álcool e fornecedores de cana-de-açúcar deve ser mesmo o financeiro. A soma de resultados negativos na safra agrícola e produção industrial e o recuo nos preços dos produtos no mercado internacional devem provocar uma perda de faturamento superior a 30%, estima o presidente do Sindaçúcar-AL. “Desde o começo da moagem trabalhamos com preços menores de açúcar no mercado internacional e de álcool no mercado interno. Somente nos últimos 15 dias, o preço do álcool caiu cerca de 14% para as indústrias”, afirma Jorge Toledo. Na safra 2000/01 as usinas trabalharam com um preço médio de US$ 180 por tonelada de açúcar demerara e exportaram 1,219 milhão de toneladas, com um faturamento estimado em US$ 263 milhões. Nesta safra, as indústrias estão trabalhando com um preço médio de US$ 150 e devem exportar menos de 1,1 milhão de toneladas. A estimativa é de que a receita com as exportações fique abaixo dos US$ 200 milhões. Custos O outro agravante, para as usinas e fornecedores de cana, é o aumento de custos para a colheita da matéria-prima em cerca de 14%, por causa das dificuldades geradas pelo excesso de chuva nos canaviais. Em média, a colheita de uma tonelada de cana em Alagoas sai por R$ 7,50. Nas últimas semanas, de acordo com cálculos do Sindaçúcar, esse custo subiu para R$ 8,50. “Logo após os períodos chuvosos, é muito comum os caminhões e tratores atolarem nos canaviais, aumentando o número de horas paradas e, portanto, aumentando os custos. O transporte também está mais caro, porque na verdade estamos levando a matéria-prima com um percentual maior de água que o normal”, explica. Interrupções Embora a chuva não atrapalhe diretamente o funcionamento das indústrias, a maioria das usinas de açúcar e álcool de Alagoas está tendo uma das moagens mais complicadas dos últimos anos. Durante uma semana de janeiro, todas as indústrias tiveram de parar a fabricação por falta de matéria-prima. “Nesse período praticamente todas as usinas tiveram de liquidar seus estoques e pararam todo o processo industrial. Na, prática, foi como se tivemos duas moagens na mesma safra”, relata Jorge Toledo. Como nos dias de chuva mais intensa as indústrias são obrigadas a suspender o corte da cana, desde dezembro as interrupções têm sido constantes nas usinas de Alagoas. Por isso, a safra será prolongada. “A previsão inicial era de que a colheita terminasse em março. No entanto, hoje já sabemos que a maioria das usinas só termina a safra na primeira quinzena de abril”, enfatiza Jorge Toledo.

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