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Nº 5822
Economia

“Consumismo � quest�o cultural neste per�odo”

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Por | Edição do dia 17/11/2002 - Matéria atualizada em 17/11/2002 às 00h00

ANA MÁRCIA O décimo terceiro salário provoca uma aceleração na economia não apenas pelo considerável volume de recursos, mas sobretudo porque, culturalmente, as pessoas tendem a comprar e renovar tudo nesta época do ano, segundo avalia a professora de economia da Seune e do Cesmac, Luciana Caetano da Silva. Durante o Natal e o Ano- Novo, elas querem roupas e calçados novos, móveis e eletrodomésticos, viagens de férias, ceia, incluindo maiores gastos com alimentação, pintam ou reformam a casa, e há também quem até troque de carro”, ressalta Luciana. Movimento O aquecimento de vendas é natural, mas a economista alerta para os gastos excessivos e o endividamento para o início de janeiro. “Seria importante zerar as dívidas que sempre vêm acrescidas de juros altos e fazer um planejamento orçamentário, definindo prioridades de compras, mas essa é sempre uma tarefa difícil em época de consumo”, observa Luciana. É importante, na sua opinião, planejar quanto há disponível para o consumo e canalizar corretamente esses recursos, não se deixando levar pelos encantos do marketing que o comércio explora durante as vendas natalinas. “O mais importante é não contrair débitos que possam obrigar a utilização do cheque especial depois, cujos juros estão na faixa de 10% e são altíssimos”, afirma a especialista. Estas campanhas de marketing são direcionadas ao décimo terceiro, onde cada ramo comercial ou empresarial busca essa fatia de recursos, com falsas ou reais promoções. Parcelamento Outra dica da economista: evitar comprar de forma parcelada, mesmo pagando o mesmo preço de à vista, porque de qualquer forma, o consumidor em geral não investe aquele valor que sobra em poupança, gasta tudo e as parcelas da compra a prazo vão apertar os próximos meses. “Muitos até acabam recorrendo ao cheque especial, pagando o juro alto que não pagou antes, na compra parcelada em função do aperto a que é submetido com as despesas somadas”, alerta Luciana Caetano, ao destacar que poucos têm noção do peso destes juros sobre a renda líquida disponível. O financiamento de compras, segundo ela, também reduz essa renda líquida. Nesta época do ano, poucos destinam algum recurso à poupança principalmente pelo consumismo exacerbado, além dos juros baixos. Só aquelas pessoas que têm algum projeto maior de investimento futuro. “A grande maioria destina 100% do 13º ao consumo”, salienta. Alguns bancos, porém, tentam antecipar a liberação do décimo terceiro salário mediante a cobrança de juros que não compensam a transação. “A gente vem de uma fase muito recessiva, de um salário corroído, por isso seria importante zerar as dívidas antes de ir às compras”, orienta a economista, ressaltando, ainda, a necessidade de fazer um controle do saldo bancário. Há, de acordo com Luciana, dois fatores de perigo, capazes de comprometer o poder de compra futuro: utilização do cheque especial e a rolagem de débito do cartão de crédito. No mais é comprar à vista, controlar a compulsão pela compra e respeitar as restrições orçamentárias. Dicas para usar bem o dinheiro do décimo terceiro salário * Em época de juros elevados, a prioridade número 1 é pagar as dívidas, principalmente aquelas contraídas no cheque especial e no cartão de crédito, cujas taxas são as mais altas; * Para quem teve o nome incluído na lista de devedores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o 13º também é uma boa oportunidade de regularizar a situação, podendo negociar  juros mais baixos; * Parte do dinheiro da gratificação natalina deve ser destinada a uma reserva financeira para os gastos do início do ano (matrícula e material escolar, impostos, etc.), atitude que  vai evitar a entrada novamente no cheque especial ou o financiamento pelo cartão de crédito; * Depois de pagar dívidas e reservar uma parte para as despesas de fim de ano, se a opção for por presentear as pessoas mais queridas, faça uma seleção. O ideal é organizar  o amigo secreto na família, o que vai significar o gasto com a compra de apenas um presente; * Outra alternativa é poupar parte dos recursos do 13º salário, que pode ser usada para abrir uma caderneta de poupança ou para aplicação em fundos de renda fixa; * Agora, se a opção for as compras, a dica é usar o abono salarial para adquirir os presentes ou os itens da ceia natalina à vista, evitando assim o financiamento ou o  crediário das lojas, por causa dos altos juros cobrados.

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