Demora do PT acaba com lua-de-mel com o mercado

A resistência do PT em anunciar os nomes do futuro ministério começa a anuviar o horizonte do mercado, que após semanas de calmaria, ameaça entrar em uma nova tempestade. Sem confirmações ou qualquer notícia oficial, o mercado está jogando com os nomes que consegue “apurar”, e especula de acordo com sua boa vontade. Nomes de economistas, em poucos dias, passam de bola da vez para carta fora do baralho. Velhas hipóteses são ressuscitadas, e a cada novo diz-que-diz, o cenário piora mais um pouco. Foi assim com o nome de Pedro Bodin, do banco Icatu. Um dos primeiros a ser cogitado para o cargo, logo após o segundo turno, Bodin teve seu nome levantado por colunistas políticos e econômicos na última semana e recebido com alegria pelo mercado. Agora, o rumor é de que o economista teria recusado o suposto convite. Problema: nada, em nenhuma versão, é oficial. O resultado é que a maior parte do mercado parou, à espera do anúncio a ser feito pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e as cotações dos ativos brasileiros, que vinham se recuperando, voltam a se deteriorar. O presidente eleito corre contra o relógio. Embora não tenha compromisso nenhum de anunciar o ministério antes da posse, em 1º de janeiro, o único modo de a transição no comando do Banco Central acontecer na mesma data é que o escolhido de Lula seja sabatinado pelo Senado ainda este ano, antes do recesso parlamentar, que começa dia 15. E Lula já garantiu que o atual presidente do BC, Armínio Fraga, não continua no cargo por nenhum dia em seu governo, embora alguns assessores tenham admitido a possibilidade caso não haja tempo para a sabatina. Depois de seduzir os investidores, o PT agora começa a irritar o mercado. Prova disso é que nem mesmo uma injeção de dólares ontem para garantir tranquilidade na virada do ano acalmou os ânimos.