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Nº 5759
Economia

Fabrica��o de doces se torna neg�cio lucrativo

Da casca tiro a banana, do mamão eu tiro a polpa, da vaca tiro o leite, da panela eu tiro o doce, do banco tiro o dinheiro, do suor eu tiro a vida. Parecia cantiga de roda na cabeça de Cícera Maria. Repetia e tornava a estalar, como jogo de menina-moça qu

Por | Edição do dia 31/05/2015 - Matéria atualizada em 31/05/2015 às 00h00

Da casca tiro a banana, do mamão eu tiro a polpa, da vaca tiro o leite, da panela eu tiro o doce, do banco tiro o dinheiro, do suor eu tiro a vida. Parecia cantiga de roda na cabeça de Cícera Maria. Repetia e tornava a estalar, como jogo de menina-moça que bate palma na mão da outra. A fábrica fechara e o marido pelejava. Davi, maçariqueiro e metalúrgico de carteira assinada, virou boia-fria, cortou cana, limpou mato, foi servente, pescador e vendeu fruta. Quatro filhos, quatro bocas, uma crise e uma ideia: “Peraí, vou fazer um docinho para vender”, pensou Maria, num belo dia de 1992. Foi um freio de arrumação na ciranda que rodava o juízo. Davi gostou e meteu a colher de pau no tacho. Deu um breque no samba do crioulo doido e mexeu no ritmo do Nêgo Bom. A fabricação e venda de doces caseiros salvou a família da crise e se tornou um negócio lucrativo, premiado como caso de sucesso. A quinta e última reportagem sobre Economia Popular mostra uma doce vida empreendedora que brotou no amargo período de falências e desemprego que o município de Atalaia viveu após o fechamento da siderúrgica Comesa, do grupo Gerdau. O homem que criou o microcrédito no mundo e ganhou o Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, veio ao Brasil este mês e disse que a crise econômica do País pode ser o melhor momento para quem ficou sem emprego. Segundo o economista nascido em Bangladesh, é na dificuldade que as pessoas mais usam o poder criativo e tentam abrir seu próprio negócio. Conhecido como o banqueiro dos pobres, Yunus resolveu emprestar o dinheiro que tinha para pessoas assim, com juros mínimos, e teve de abrir um banco para tocar o projeto. Quatro décadas depois, o Grameen Bank conta com uma carteira de US$ 1,5 bilhão em empréstimos, filiais em várias partes do mundo (19 só nos Estados Unidos) e mais de 8,5 milhões de clientes do microcrédito. Com um detalhe, 90% são mulheres. Empreendedoras como Cícera Maria Cavalcante, 52, que teve acesso ao Crediamigo e ao Agroamigo, linhas de financiamento do Banco do Nordeste baseadas na filosofia de microcrédito que o Nobel da Paz disseminou pelo mundo. O marido, José Davi Cavalcante, 52, passou de metalúrgico desempregado a seu sócio. É hoje o famoso “Davi Doceiro”, figura conhecida em Atalaia, que andava com duas cestas carregadas de potes de doce e de sacos de Nêgo Bom. O primeiro passo da nova caminhada quem deu mesmo foi a esposa. A dona de casa entrou no banco, conquistou um financiamento e virou dona do próprio negócio. Deram-se as mãos, num casamento bem-sucedido entre a linha de produção e a área comercial. Ela fabrica, ele vende. Trabalham, faturam juntos e se amam.

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