Economia
Imposto custa 4 meses de trabalho por ano no pa�s

Brasília O brasileiro nunca pagou tantos impostos. Em 2002, a carga tributária no país cresceu pelo sexto ano seguido e bateu novo recorde. Enquanto em 2001 os tributos representaram 35,48% do PIB, no ano passado a proporção subiu para 36,45%. No total, a arrecadação de impostos somou R$ 476,57 bilhões em 2002, um aumento de R$ 72,82 bilhões sobre o volume arrecadado no ano anterior. É uma realidade preocupante, porque de cada R$ 1 mil que o brasileiro ganha, ele paga R$ 364 para o governo em forma de impostos, diz Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário). Segundo ele, o brasileiro trabalha quatro meses e 13 dias para pagar somente os tributos. Além disso, ele acrescenta que outros dois meses e meio de trabalho são destinados ao pagamento de serviços que deveriam ser prestados pelo governo, como saúde, educação, segurança, manutenção de estradas e assim por diante. A conta é a seguinte: até 13 de abril a gente trabalha para pagar os impostos, até o final de julho trabalha para pagar o que o governo deveria oferecer como serviço público. Restam cinco meses para comprar alimentação, vestuário e lazer. Não sobra nada para investimento, por isso a população não tem condições de poupar, coloca Amaral. Os 36,45% de carga tributária pagos no Brasil estão bem acima do montante cobrado em países vizinhos como o Chile (22%) e a Argentina, que antes da crise contabilizava uma taxa de 15%. Em países desenvolvidos, como Japão, Canadá e Estados Unidos, as cargas são de 21%, 31% e 29%, respectivamente. Há lugares que apresentam taxas maiores. Na Alemanha, por exemplo, a carga é de 36,7%. Na Suécia, a maior carga tributária no mundo, os impostos correspondem a 47% do PIB local. Mas eu gostaria de pagar a taxa sueca e ter todos os retornos que os cidadãos daquele país usufruem, comenta o presidente do IBPT. Crescimento Entre os tributos de maior peso, a mordida do Imposto de Renda foi a que mais cresceu. Em 2001, o tributo abocanhou R$ 64,91 bilhões dos contribuintes. Já em 2002 o montante saltou para R$ 85,80 bilhões, um aumento de 32,19%. A arrecadação dos impostos vinculados à Seguridade Social, entre eles, PIS, Cofins e INSS, subiu 19,16% em 2002. A maior alta foi registrada na CSSL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) que subiu de R$ 9,36 bilhões em 2001 para R$ 13,36 bilhões no ano passado, uma diferença de 42,68%. Entre os Estados, São Paulo foi o responsável pela maior arrecadação em 2002. Foram R$ 192,73 bilhões, o equivalente a 40,44% do total arrecadado no Brasil. Rio de Janeiro e Minas Gerais vieram na sequência com arrecadações de R$ 67,28 bilhões (14,12%) e R$ 34,09 bilhões (7,15%), respectivamente. O Estado que menos arrecadou foi Roraima, com R$ 382,79 milhões, o equivalente a 0,08%.