Economia
Medo é instrumento para controle social

Na Praça Dom Pedro II, mais conhecida como Praça da Assembleia, no centro de Maceió, fica a sede onde se reúnem e despacham os deputados estaduais. Lá, moradores de rua lotearam o logradouro e vivem ao relento. O abandono é olhado de rabo de olho por quem passa e, por vezes, contido com violência. Ana Elisa tem 24 anos, dois filhos. Está grávida de novo, de quatro meses. Não tem para onde ir. Vive com Carlos Tavares, um adolescente de 16 anos, pai da criança que espera, da qual não sabe ainda o sexo ou se está bem. Nunca foi a o médico. Ana e Carlos se conheceram na rua e vivem nela. Tomam café da manhã e almoçam graças às refeições oferecidas na Casa de Ranquines. À noite, grupos passam pela praça e levam o jantar. Se não fosse a solidariedade de alguns, não teriam como comer. Um dia já trabalharam. Ela, num projeto desenvolvido por uma parlamentar; e ele, no Mercado da Produção. Mas agora não têm mais renda. ?É muito ruim não ter o que comer e nem para onde ir, mas o pior é o medo. Teve um dia que um coronel que trabalha na Assembleia bateu no Carlos, fui socorrer e perdi um filho. Abortei. Isso tem menos de um ano?, recorda Ana Elisa.