D�lar fecha a R$ 2,87, menor valor em 10 meses

São Paulo - O dólar comercial fechou abaixo de R$ 2,90 pela primeira vez em dez meses. A moeda norte-americana terminou a sexta-feira em queda de 1,27%, vendida a R$ 2,875, o menor valor desde 22 de julho de 2002, época anterior às tensões eleitorais. Apenas nesta semana, o dólar recuou 3,13%; no ano, a queda já é de 23,3%. A rolagem integral de um dívida cambial, com vencimento no próximo dia 15 de maio, sinalizou ontem que o Banco Central deve deixar mesmo o dólar abaixo de R$ 3 -motivo de intenso debate nos mercados e dentro do governo. Isso porque até a semana passada alguns analistas acreditavam que o Banco Central poderia resgatar esses papéis cambiais, como chegou a acontecer no início do mês, deixando o mercado com menos dólares nas próximas semanas. O resultado, seria um aumento da cotação e dólar voltaria a ficar acima de R$ 3. Inflação Com a rolagem integral ontem, a interpretação que começa a prevalecer é que o Banco Central quer mesmo o dólar abaixo de R$ 3 como medida para conter a inflação. O dólar mais barato deve derrubar ainda mais o preço da gasolina, que tem forte efeito no IPCA, índice oficial da meta de inflação. Também deve segurar os preços no atacado, cujos índices são indexadores dos contratos de tarifas de telefone e energia elétrica. Dívida cambial O BC conseguiu renovar ontem o restante de uma dívida cambial com vencimento em 15 de maio. Na primeira etapa, dois dias atrás, já tinham sido renovados 50,9% dos contratos. Ontem, os US$ 873,4 milhões restantes também foram rolados. O mercado já esperava que o BC tivesse êxito na operação, aproveitando o aumento da confiança dos investidores no Brasil. O dólar turismo caiu 0,66%, para R$ 2,97 e o paralelo ganhou 0,66% e fechou a R$ 3,02. A afirmação do ministro José Dirceu (Casa Civil) de que somente Antonio Palocci (Fazenda) pode falar sobre o câmbio contribuiu para a queda do dólar. Como Palocci tem reiterado que a preocupação do governo é com a inflação e não com o dólar, e que o regime de flutuação será mantido, os investidores querem ver até onde vai o ??sangue frio?? do Banco Central. Não há consenso, entretanto, sobre qual seria o valor de equilíbrio da moeda norte-americana para ajudar a segurar os preços e não prejudicar as contas externas do país.