Economia
Desemprego em AL cresce no bimestre

Patrycia Monteiro A antecipação em um mês da safra 2004/2005, que deveria ser encerrada em abril, mas foi concluída em março pelas usinas e destilarias alagoanas, teve impacto no desempenho do desemprego do Estado nos dois primeiros meses do ano. De acordo com os dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o saldo entre admissões e demissões de Alagoas triplicou nos meses de janeiro e fevereiro de 2005, em relação ao saldo do mesmo período registrado ano passado. Em 2004, 8930 trabalhadores foram contratados pelo mercado de trabalho, enquanto 13.873 perderam o emprego. Ou seja, no total houve um saldo negativo formado por 4.943 profissionais que ficaram sem postos de trabalho. Este ano, por sua vez, o saldo entre admitidos e demitidos teve um saldo negativo ainda maior. No primeiro bimestre de 2005, 8220 alagoanos foram absorvidos pelo mercado e 23.475 foram dispensados por ele. Com isso, 15.255 profissionais entraram para as estatísticas de desemprego do Estado. Segundo o delegado regional do Trabalho de Alagoas, Ricardo Coelho, o quadro atual de desemprego já estava previsto em Alagoas. Por causa da seca, todas as usinas encerraram suas atividades antes do cronograma tradicional. Assim, ao invés de o período de demissões em massa começar no mês de março, ele foi antecipado e teve início já em janeiro deste ano, explica o representante do Ministério do Trabalho. Então, apesar de terem havido contratações feitas pelos setores de comércio e serviços que fazem admissões de mão-de-obra operacional, de copeiras e vigilantes, por exemplo - em função da volta às aulas -, o saldo entre admissões e demissões, que sempre foi negativo nesta época, ficou ainda maior este ano, explica Coelho. E, de acordo com o delegado, mais demissões estão previstas nos próximos meses. Cerca de 40 mil trabalhadores ainda serão dispensados em março e abril, afirma. De fato, analisando os números do mercado de trabalho de Alagoas no ano passado (ver quadro), observa-se que é no período entre março e abril que começam a haver mais demissões no Estado. Por outro lado, nos meses de agosto, setembro e outubro é que passa a se perceber uma retomada da fase de contratações no Estado em decorrência da alta temporada turística e do início do período de corte e moagem de cana-de-açúcar pelo setor sucroalcooleiro. Este fenômeno se repete a cada ano porque não há criação de postos de trabalho permanentes em Alagoas. O problema é que o Estado não tem atraído novas empresas há muito tempo, diz Coelho, citando a fábrica de refrigerantes Cony e a de laticínios São Domingos, como um dos poucos investimentos realizados pelo setor produtivo em Alagoas nos últimos anos. É necessário criar atividades que gerem ocupação e renda durante o período da entressafra. Tendo em vista que a maioria de nossa mão-de-obra local é formada por agricultores, o ideal é que outras culturas fossem desenvolvidas nessa época, reflete o delegado regional do Trabalho. Os empresários da agroindústria canavieira e o governo do Estado tinham elaborado um projeto de desenvolvimento de outras culturas, como a de feijão de corda, nas terras das usinas fora do período de safra. Mas, esse projeto não avançou muito, afirma. O governo do Estado está desenvolvendo algumas ações para combater o quadro de constante sazonalidade no mercado de trabalho alagoano. É o que garante Nádia Rodrigues da Silva, secretária-executiva de Economia Solidária, Trabalho e Renda do Estado. Uma das ações implementadas pelo governo na área de geração de emprego e renda são os Arranjos Produtivos Locais (APLs), destaca a secretária. Os arranjos vão incrementar, inicialmente, 10 atividades produtivas que são realizadas no Estado, entre elas está a ovinocaprinocultura, no sertão alagoano e a piscicultura, no Delta do São Francisco, afirma. Segundo Nádia Rodrigues, outra ação prevista para combate ao desemprego de Alagoas, é a implantação do projeto Primeiro Emprego a partir de abril. No Estado, o projeto do governo federal vai destinar cerca de R$ 3 milhões em recursos para capacitar jovens com idade entre 16 e 24 anos para que eles desenvolvam seus próprios negócios. O programa terá linha de microcrédito, no qual os empréstimos serão contratados coletivamente. Temos outro projeto, tocado em parceria com o Funcred (Fundo de MicroCrédito do Estado de Alagoas) e o Banco do Cidadão, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador - do Ministério do Trabalho) para incentivar o cooperativismo no Estado, diz Nádia. O público-alvo prioritário são mulheres e homens chefes de família com idade acima dos 40 anos, conta. Este projeto está previsto para ser colocado em prática até maio. Outra iniciativa conjunta citada pela secretária do Trabalho é uma pesquisa que será realizada com o Nutas, núcleo de pesquisa de assistência social da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que vai traçar o diagnóstico de exclusão social do Estado. Com o diagnóstico, Nádia acredita que várias secretarias do Estado poderão traçar melhor suas políticas de combate à pobreza, inclusive a sua secretaria.