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Odebrecht paralisa obras do Canal do Sertão em Alagoas

Construtora dá férias coletivas a trabalhadores e cobra o pagamento de dívidas de R$ 16 milhões

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Odebrecht dá férias coletivas a trabalhadores e paralisa obras do Canal do Sertão
Odebrecht dá férias coletivas a trabalhadores e paralisa obras do Canal do Sertão -

A partir desta segunda-feira (14), a construtora Odebrecht paralisa temporariamente as obras de construção do trecho quatro do Canal do Sertão. A empresa deu férias coletivas aos 200 operários, ao corpo técnico do canteiro de obras e até ao engenheiro responsável pela obra, Pedro Leão. A empresa adotou a medida a fim de tentar receber dívidas que passam de R$ 16 milhões. A secretaria de estadual de Infraestrutura passou dois dias tentando convencer a construtora a manter os operários trabalhando. Mas o governo de Alagoas não teve competência para garantir o repasse de recursos federais e nem como pagar parte da dívida cobrada pela construtora. A dívida dos governos federal e estadual com a Odebrecht está orçada em R$ 32 milhões. Fontes da empresa confirmaram que no mês passado o governo federal fez a suplementação de 50% do montante da dívida. O dinheiro chegou à Secretaria de Estado de Infraestrutura, que imediatamente fez o repasse da dívida, que é cobrada desde março passado. Porém, o montante não foi suficiente para a continuação das obras. Daí, a empresa optou pela concessão de férias coletivas, por 15 dias, aos trabalhadores. Esta é uma forma que a construtura encontrou para tentar receber os R$ 16 milhões restante da dívida. O andamento da obra até o fim do ano só acontecerá se a Odebrecht receber mais R$ 30 milhões, além dos R$ 16 milhões que está cobrando. E, para concluir os 32 quilômetros do trecho quatro até o final de 2020, falta ainda o pagamento de mais R$ 100 milhões, disse um dos diretores da Odebrecht.

PROBLEMAS

O governo de Teotônio Vilela Filho (PSDB) entregou ao governo Renan Filho (MDB), em 2015, cerca de 90 quilômetros de Canal, ou seja, praticamente até o final do trecho três. Os problemas começaram com a construção do trecho quatro. Os atrasos dos repasses federais provocaram redução da mão de obra e pequenas paralisações. O trecho quatro tem 32 quilômetros entre os municípios de Senador Rui Palmeira e São José da Tapera. Até o ano passado tinha cerca de mil operários trabalhando neste trecho. Com os atrasos nos fluxos de repasses financeiros, a empresa começou a demitir em massa. Atualmente tem cerca de 200 operários na folha de pagamento. A maioria vive o clima de incerteza e não sabe se continuarão empregado até o final do ano, uma vez que a empresa espera a liberação de R$ 16 milhões e não tem garantias de quando receberá o restante da dívida. A crise na construção do Canal do Sertão afeta também o comércio local e gera mais desemprego na região, que teve a agricultura arrasada. Na prática, isto quer dizer que a quarta maior obra hídrica do Brasil e a maior de Alagoas parou em caráter temporário. No entanto, não há previsão de quando a construção do canal será retomada. O engenheiro Pedro Leão, responsável pela construção do trecho quatro, não quis entrar em detalhes sobre o andamento das obras. Confirmou, porém, que também entrará no esquema de férias coletivas. Não soube dizer quando retornará ao canteiro de obras, no município de São José da Tapera. Desde agosto, a construtora espera a liberação de R$ 60 milhões para tocar o trecho quatro até o final do ano. O Ministério do Desenvolvimento Regional chegou a anunciar, no Diário Oficial da União, a liberação de R$ 30 milhões, ou seja, 50% do que a empresa esperava receber. Do montante previsto, chegaram R$ 16 milhões. Existe a promessa de pagar o restante até meados de outubro. Mas não há nada garantido. Daí a empresa está refazendo os cálculos para poder continuar tocando o projeto.

Leia mais na página A14

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