Abandono
Odebrecht mantém paralisação de obras do Canal do Sertão
Férias coletivas para os 210 trabalhadores que atuam no canal, que deveriam durar quinze dias, foram prorrogadas para um mês


Essa semana seria decisiva para a retomada da construção do Canal do Sertão. A Construtora Odebrecht deu férias coletivas de 15 dias para 210 trabalhadores, como forma de pressionar os governos federal e estadual a pagaram dívidas que somam R$ 28 milhões e antecipar parte do pagamento da ordem de R$ 147 milhões, que a empresa cobra para concluir o trecho quatro do canal. A pressão não funcionou.
A empresa não recebeu nem indicativo de pagamento. Daí, manteve as férias coletivas que completaram um mês e admite que a partir desta semana pode adotar medidas para conter gastos com trabalhadores e paralisar definitivamente a obra. O clima entre os prefeitos, vereadores e trabalhadores no Sertão é de preocupação com o aumento do desemprego, principalmente nos municípios próximos ao canteiro de obras do canal.
A estiagem já começou e não há alternativa de trabalho neste momento nas lavouras e fazendas da região. O Canal do Sertão é um das poucas oportunidades de trabalho na região. No início do ano, o empreendimento empregava mais de 850 trabalhadores. Em março passado a empresa começou a cobrar, do Ministério da Integração Regional e do governo de Alagoas, cerca de R$ 32 milhões relativos aos débitos das obras executadas no trecho quatro, que compreende 32 quilômetros entre os municípios de senador Rui Palmeira e São José da Tapera. Como o dinheiro não saía, a construtora começou a demitir em massa.
Atualmente tem 210 empregados na folha de pagamento da construção do canal. A crise aumentou quando os governos federal e estadual começaram a postergar, mês a mês, o pagamento dos atrasados. Até que em setembro, o governo federal liberou uma pequena parte da dívida (cerca de R$ 16 milhões) e não definiu mais nada.