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Água

INCENTIVO DE RENAN FILHO A IMPORTAÇÃO FAZ ENCALHAR PRODUÇÃO DE COCOS EM ALAGOAS

Associação do setor diz que indústrias compram produtos da Ásia com incentivos fiscais do governo

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A produção de coco em Alagoas recuou 13,6% em 2018, segundo dados da Embrapa
A produção de coco em Alagoas recuou 13,6% em 2018, segundo dados da Embrapa -

A importação de uma pasta base de coco vinda da Ásia, em detrimento do produto local, tem prejudicado a produção do fruto em Alagoas. Preocupados, produtores locais reclamam que os incentivos fiscais dados pelos governo do Estado a grandes indústrias tem fomentado a prática nociva ao mercado alagoano. Saudável e refrescante, a água de coco é queridinha entre os consumidores e fonte de renda para milhares de pessoas, que veem as portas se fecharem e já começam a migrar para o cultivo de outras culturas.

Imagem ilustrativa da imagem INCENTIVO DE RENAN FILHO A IMPORTAÇÃO FAZ ENCALHAR PRODUÇÃO DE COCOS EM ALAGOAS
| Foto: Felipe Nyland

Em Alagoas, a bebida é uma das mais pedidas por quem visita o estado e vê os enormes coqueirais que margeiam as praias, a exemplo da praia do Gunga, no litoral Sul. No entanto, quem produz garante que se você não consome a água direto do coco pode estar fazendo um negócio, literalmente, da China. Ou melhor, das Filipinas, Vietnã, Sri Lanka, Índia e Tailândia, maiores produtores mundiais do fruto e exportadores da pasta. O presidente da Associação dos Produtores de Coco de Alagoas (Prococo), Alexandre Lyra, explica que com 1kg da pasta é possível fazer 13 litros de “água de coco”, além de adicionar açúcar. “Essa pasta lá na Ásia é lixo, aí eles vendem pra cá com um preço muito abaixo do mercado. Não tem como competir”, desabafa.

Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostram que a produção de coco em Alagoas recuou 13,6% em 2018 em comparação com o ano anterior. Em 2017 foram produzidas 89.686 toneladas. No ano passado a produção caiu para 77.448. Ainda assim, a colheita foi a 7ª melhor do País. Segundo a Prococo, são 21.300 hectares plantados no estado, que pertencem a 2.300 produtores, e que em 2018 faturaram R$ 65,5 milhões de reais. O prejuízo financeiro de um ano para o outro foi de R$ 13,4 milhões. Em área plantada Alagoas ocupa a 4ª posição nacional.

Alexandre Lyra explica que o mercado asiático produz eminentemente coco seco. “Água do coco seco não presta, e lá virava lixo. Só que eles despertaram em concentrar isso, essa porcaria, e vendem para o Brasil. Isso é lixo! Estados Unidos e Europa não aceitam esse concentrado. O presidente da Prococo explica que a importação da pasta atrapalha o mercado local. “Quando compram essa pasta deixam de comprar o coco verde. Aí a alternativa é deixar o coco secar”, conta.

Segundo Lyra, Alagoas foi, em 2018, o maior importador de coco no brasil. “O câncer do coco no brasil se chama Alagoas. É o maior importador de derivado de coco do brasil”. Ele atribui parte disso ao governo do Estado. “Existe um incentivo muito grande do governo. Incentivam essa importação. Quando é concedido o Prodesin [Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas], não se condiciona a comprar matéria prima local”, conta.

Um solução para o impasse já apareceu. A criação de um Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) que normatiza o que, de fato, é água de coco. “Já com uma edição prévia desse PIQ surgiu um receio muito grande das indústrias na utilização dessa pasta e então eles brecaram a importação disso. Com esse freio na importação o preço de coco verde começou a subir e por conta disso os produtores não deixaram mais secar no cacho. Aí como diminuiu a oferta de coco seco iniciou uma retomada de preços”, comenta.

Está marcada para o próximo dia 26 deste mês uma reunião em Brasília, no Ministério da Agricultura, para que seja decidida a questão do PIQ. “Esta reunião do dia 26 será decisiva para o mercado nacional”, diz acredita. Alexandre Lyra conta que o carro chefe em Alagoas é o coco seco. “É uma cultura tradicional. Porém, existe uma tendência de mudança muito grande, porque a água de coco está iniciando essa pegada mundial por uma bebida mais saudável”, revela. D

e acordo com Lyra, o mercado de coco verde em Alagoas não consegue suprir toda a necessidade interna, e que o grande fornecedor para Alagoas é Sergipe, especialmente o município de Neópolis. Todavia, ele diz que já existem projetos de implantação de novos coqueirais no estado. Segundo ele, a plantação de é predominantemente no litoral Sul. “A gente tem no litoral Norte na região de Porto de Pedras, Passo do Camaragibe e São Miguel dos Milagres, mas é mais forte em Coruripe, Feliz Deserto e Roteiro”, detalha. Mas, segundo ele, as plantações no litoral Sul são de coco seco. “Coco verde é produzido em grandes propriedades em Junqueiro, Teotônio Vilela e Coruripe também”.

* Sob supervisão da editoria de Economia.

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