Previdência
“ESTAMOS HÁ ANOS SEM REAJUSTE SALARIAL”, DESABAFA PROFESSOR
Categoria ressalta que a aprovação da Reforma da Previdência proposta por Renan Filho caiu como uma bomba em Alagoas


Laucia Souza conta que pensa como ficarão os colegas. “Fico imaginando os servidores que ganham salário mínimo, que vai passar de R$ 998,00 para R$ 1.031, a partir de janeiro, 14% em cima”. Nesse momento, ela recorre novamente à fé. “Meu Deus, dai sabedoria aos nossos governantes. Que o espírito do Natal preencha seus corações de gratidão, amor e fraternidade aos que deram seu suor e lágrimas na construção desse estado”, clama. Professor de História da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) desde 2004, o professor do curso de História Luiz Gomes, de 51 anos, conta que a categoria recebeu a notícia como uma bomba, pois o governo em nenhum momento procurou conversar com as categorias. “Ao contrário, busca de forma apressada impor uma reforma extremamente prejudicial aos servidores públicos estaduais, goela abaixo e isso é terrível, é antidemocrático”, comenta. O professor universitário conta que isso vai afetar o orçamento de todos os servidores públicos. “Estamos há anos sem reajuste salarial, com nossos vencimentos sendo corroído pela inflação e agora vamos ter na prática redução salarial, e o pior, até os aposentados vão vai ter que pagar a conta. Isso é inaceitável é absurdo. O governador Renan Filho está, na prática, se submetendo a reforma da previdência do presidente Bolsonaro”, opina.
Luiz Gomes conta que eles foram pegos de surpresa. “E o pior, sem o direito de opinar. Essa reforma feita a toque de caixa é inaceitável. O governo não abre a caixa preta do fundo previdenciário, não discute, não escuta, só impõe, isso é ilegítimo e o movimento sindical vai contestar judicialmente e continuar mobilizando contra”, diz.
O professor lembra que estão há muito anos sem reposição salarial. “Esse governo não senta para negociar com os servidores. A reforma da previdência vai prejudicar sim os servidores porque significa redução salarial”, pontua. Ele, tal qual a professora Laucia, sugere que se imagine a situação. “Depois de 6 anos sem reajuste, agora você pagar 3% a mais de previdência. Isso é o que, senão redução salarial? E os aposentados que terão que contribuir a partir de agora?”, indaga. Segundo ele, é certo que essa redução salarial vai significar corte no orçamento de cada servidor com impacto na economia geral. “Pretendo cortar, para me adaptar a isso, a ida ao restaurante no final de semana com a família, por exemplo”, revela. “Teremos casos graves de servidores tendo que cortar nos remédios e até mesmo na alimentação”, alerta.
* Sob supervisão da editoria de Economia.