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Nº 5693
Economia Em novembro, o comércio teve alta impulsionada pela Black Friday, aponta pesquisa

MÊS DA BLACK FRIDAY COLOCA EM DÚVIDA RITMO DA RETOMADA

Desempenho abaixo do esperado em novembro mostra um quadro oscilante da economia brasileira

Por Folhapress | Edição do dia 17/01/2020 - Matéria atualizada em 17/01/2020 às 06h00

São Paulo, SP – O desempenho abaixo do esperado da indústria, do comércio e dos serviços em novembro mostra um quadro oscilante da economia brasileira no fim de 2019, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. Nesta quarta-feira (15), o IBGE divulgou que as vendas no varejo subiram 0,6% em novembro sobre outubro, impulsionadas pela Black Friday. Na comparação com novembro de 2018, a alta foi de 2,9%, a oitava taxa positiva seguida. Os números, porém, frustraram as estimativas do mercado. Economistas ouvidos pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 1,1% ante outubro e de 3,9% na comparação com novembro de 2018. A decepção afetou a Bolsa brasileira, que teve o pior pregão de 2020 nesta quarta, com queda de 1%, a 116 mil pontos. O movimento de aversão a risco também impactou o dólar comercial, que subiu 1,2%, a R$ 4,181 –o pior desempenho entre as principais moedas. Segundo a XP Investimentos, houve "uma grande frustração de expectativa" com relação ao ritmo da recuperação da atividade econômica no último trimestre de 2019. Nos últimos dias, o IBGE já havia divulgado que o volume de serviços caiu 0,1% em novembro, interrompendo duas altas seguidas. Já a produção industrial recuou 1,2% em novembro, interrompendo três meses positivos consecutivos. Para o economista e professor dos MBAs da FGV Mauro Rochlin, os números colocam dúvida sobre o desempenho do país no fim de 2019 e a consistência da retomada da atividade. "Não dá para dizer que entramos em novo ciclo de crescimento, que o investimento vai voltar forte e vamos ser felizes. Ainda é cedo para esse diagnóstico", disse Rochlin. "O mercado continua acreditando no crescimento de 1,2% para o ano passado. Mas o importante é identificar a tendência, e os números que vimos dificultam isso, pois são oscilantes", afirmou. Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que os números de novembro decepcionaram, mas não vê muita influência no resultado fechado de 2019. "Novembro não foi legal, mas achamos que [o crescimento da economia] fecha o ano próximo de 1,1% e 1,2%. Tira um pouco o ímpeto, mas de qualquer maneira há crescimento, só que o ritmo caiu em relação ao que era esperado", disse. Ricardo Jacomassi, economista e sócio da TCP Partners, afirmou que os números do comércio no ano, com crescimento acumulado de 1,7%, estão um pouco acima do esperado e citou a questão sazonal para o mês de novembro. "Se pegar o histórico, entre agosto e setembro a indústria cresceu. Trabalhou, produziu e vendeu ao comércio. Era natural que tivesse queda ou estabilidade entre novembro e dezembro, só que a queda foi acima do que era esperado." Jacomassi é otimista em relação aos números do comércio no último mês do ano. "Dezembro teve um crescimento e acreditamos que comércio vai ficar de 3% a 5%. Temos clientes de supermercados, importante no varejo, que informaram que as vendas ficaram acima do que estavam prevendo. Previam 5% e ficou em torno de 7%. De uma maneira geral, os dados de dezembro parecem positivos", afirmou. Felipe Sichel, estrategista do Modalmais, disse ter ficado decepcionado com os dados de novembro e demonstrou cautela com as revisões para o fim de 2019. "Ante o maior otimismo observado ao final de 2019 e as expectativas de revisões paulatinas para cima nas projeções de atividade, há evidente decepção dos dados para novembro, em indústria, serviços e comércio. Assim, a possibilidade de revisões positivas no cenário de final de 2019 e começo de 2020 fica, por enquanto, contida", afirmou. Em novembro, o comércio teve alta impulsionada pela Black Friday. Das 8 atividades pesquisadas pelo IBGE, 4 subiram -três delas diretamente influenciadas pelo dia promocional: farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%) e móveis e eletrodomésticos (0,5%). O setor de maior peso no varejo, de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, ficou estável. No comércio varejista ampliado, que vinha de oito meses de crescimento, o volume de vendas recuou 0,5% em novembro na comparação com o mês anterior. O resultado foi puxado pela queda no setor de veículos, motos, partes e peças (-1,0%), enquanto material de construção apontou estabilidade (0,1%).

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