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Nº 5692
Economia O avanço de tomada de empréstimo nesta pandemia vem preocupando o Banco Central

PANDEMIA FAZ PROCURA POR EMPRÉSTIMO AVANÇAR 8,2% EM AL

Em abril e maio, alagoanos contrataram R$ 37,3 milhões em crédito, segundo levantamento do BC

Por Carlos Nealdo | Edição do dia 10/07/2020 - Matéria atualizada em 10/07/2020 às 06h00

Diariamente, dezenas de alagoanos formam uma longa fila na Avenida Fernandes Lima, em frente a uma financeira, em busca de empréstimo pessoal. O movimento diário, que começa pelo menos duas horas antes de a instituição abrir, chama a atenção de quem passa pela mais movimentada avenida de Maceió, bem como de trabalhadores de empresas vizinhas. Eles dizem que a movimentação aumentou muito depois que o governo de Alagoas decretou isolamento social em março deste ano, fechando setores não essenciais da economia como forma de prevenção à pandemia de coronavírus. Dados do Banco Central conseguidos com exclusividade pela reportagem revelam que em abril e maio deste ano - meses em que a economia alagoana estava travada por causa do decreto estadual - os alagoanos contrataram R$ 37,3 milhões em crédito pessoal, um aumento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram emprestados 34,528 milhões. Somente em maio, de acordo com a instituição, os consumidores alagoanos pediram emprestado R$ 18,66 milhões - um avanço de 7,5% em relação ao mesmo mês de 2019, quando foram liberados R$ 17,361 milhões. Os dados se reverem apenas a empréstimos a pessoas físicas. O avanço vem preocupando o Banco Central, que lançou uma série de orientações para o consumidor que deseja contrair um empréstimo pessoal. A primeira coisa - diz o banco - é verificar se a instituição é autorizada a funcionar pelo Banco Central. E o mais importante: nenhuma instituição pode exigir que o consumidor deposite previamente dinheiro na conta dela para contratar empréstimo ou financiamento com você ou para liberar o dinheiro. "Além disso, não contrate com a primeira instituição que pesquisar", diz o BC, em nota. "Como as taxas de juros e outros encargos variam bastante de banco para banco, a pesquisa do Custo Efetivo Total (CET) é fundamental", ressalta. A preocupação do BC é com a possibilidade de o consumidor passar para a categoria de endividamento de risco, aquela em que o tomador de empréstimo tem um volume de dívida acima de sua capacidade de pagamento. "Vale destacar que a população de renda média entre R$2 mil e R$10 mil, e com idade acima de 54 anos, mostra-se a mais vulnerável a essa condição", ressalta o banco. Em Alagoas, segundo o levantamento do Banco Central, o percentual de consumidores que estão na faixa de endividamento de risco fica entre 5% e 6%. Os dados são referentes aos empréstimos pessoais em instituições financeiras realizados no ano passado. Com relação à distribuição regional, o levantamento do BC revela uma maior predominância do endividamento de risco na região Norte, particularmente no estado do Amazonas, onde esse percentual atinge o maior nível nacional, 7,7%. Em seguida aparecem o Amapá, com 7,5%, e Rio Grande do Sul, com 6,8%. Com 4,6%, o Espírito Santo foi o estado com a menor participação de endividados de risco na população devedora. "Tem-se, dessa forma, a ausência de uma correlação clara entre as características socioeconômicas das regiões e a incidência do endividamento de risco, que pode atingir patamares preocupantes em estados díspares quanto ao nível de renda per capita ou nível educacional", defende o BC.

BRASIL

Em todo o País, a população com carteira de crédito ativa atingiu 85 milhões de tomadores em dezembro de 2019. Desse total, 5,4% ou 4,6 milhões de tomadores estavam em situação de endividamento de risco, informou hoje (4) o BC no Relatório de Economia Bancária. Para fazer essa análise, o BC considerou como endividado de risco o tomador de crédito que atende a dois ou mais destes critérios: atrasos superiores a 90 dias no pagamento das parcelas de crédito; comprometimento da renda mensal acima de 50% devido ao pagamento do serviço das dívidas (pagamento de juros e amortizações do valor emprestado); várias modalidades de crédito simultaneamente: cheque especial, crédito pessoal sem consignação e crédito rotativo; renda disponível (após o pagamento do serviço das dívidas) mensal abaixo da linha de pobreza (R$ 439,03 mensais).

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