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Nº 5854
Economia 234 idosos alagoanos perderam o emprego durante a pandemia de Covid-19, diz Caged

IDOSOS ALAGOANOS PERDEM EMPREGO DURANTE A PANDEMIA

Levantamento do Caged revela que os mais afetados foram os homens, com 191 demissões; 43 mulheres perderam o emprego

Por Hebert Borges | Edição do dia 31/10/2020 - Matéria atualizada em 31/10/2020 às 04h00

Durante a pandemia da Covid-19, 234 idosos perderam o emprego em Alagoas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. São pessoas que, mesmo com 65 anos ou mais de idade, ainda estavam no mercado de trabalho. Em todo o País, foram 76.408 demitidos nessa faixa etária. Em Alagoas, os mais afetados foram os homens, foram 191 demitidos, frente 43 mulheres desligadas do emprego. Em relação ao nível de escolaridade, 79 (33,7%) são pessoas de ensino médio completo, outros 70 (29,9%) possuem o ensino fundamental incompleto, outros 43 (18,3%) possuem superior completo. Em relação aos setores, a Indústria lidera o número de desligamentos de idosos em Alagoas, 69. Logo em seguida aparecem os trabalhadores do setor de Serviços, vendedores do Comércio em Lojas e Mercados, com 55 demissões, e fecham o ranking os trabalhadores das Ciências e das Artes, com 26 demissões. O saldo de empregos para os idosos alagoanos durante a pandemia ficou negativo em 181 postos. Isso porque, durante a pandemia somente 53 idosos conseguiram emprego. Segundo o Caged, nesses sete meses, o setor que mais criou vagas para idosos em Alagoas foi a Indústria, com 19 vagas. Os dados locais estão dentro da realidade nacional, onde os idosos com o ensino médio lideram as demissões, seguido pelos que possuem ensino fundamental incompleto. Os homens também são maioria no números de idosos demitidos no Brasil, 59.447, frente 16.931 mulheres demitidas. Já em relação aos setores, no País, o que mais demitiu idosos foi setor de Serviços, vendedores do Comércio em Lojas e Mercados, com 25.446 demissões. A pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialista na situação dos idosos, diz que eles foram triplamente afetados pela Covid-19. Além da letalidade maior, sofrem no mercado de trabalho e são obrigados a ficar no isolamento. “Idoso livre viajando, passeando, namorando, indo a bailes, tudo isso acabou. Ele está confinado, preso. Se já sofria preconceito no mercado de trabalho, está sofrendo ainda mais. Criaram até memes depreciativos sobre os idosos”, conta. Segundo ela, os idosos que estão saindo agora do mercado de trabalho não voltam. “Quando houver uma vacina, vão estar mais velhos com uma lacuna no conhecimento. Se isso acontece com os jovens, imagina com os idosos”, pondera. Outro problema apontado pela especialista é a exclusão digital, que ela pontua que se torna outro obstáculo principalmente com muitas empresas adotando o trabalho remoto, tendo em vista que apenas 38,7% da população de 60 anos ou mais acessava a internet antes da pandemia. Quase metade da média brasileira, de 74,7%. “A questão tecnológica é importante não só pelo trabalho, mas para a comunicação com a família, na participação dos eventos sociais que viraram virtuais, na telemedicina, nas compras. A inclusão digital precisa aumentar para evitar que a desigualdade cresça ainda mais em relação aos idosos”, alerta. De acordo com o sociólogo Ian Prates, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), 71% dos idosos estão no setor de serviços, o mais afetado pelo distanciamento social, contra 55% entre os mais jovens, o que dificultaria ainda mais a geração de emprego formal para os trabalhadores mais velhos. “A retomada no mercado formal já começou, embora bastante tímida. Para os idosos, no entanto, o saldo continua negativo. Uma tendência que já vinha no mercado formal e que se intensificou com a pandemia”, destaca.

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