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Nº 5856
Economia Canoeiro lava o sururu na Lagoa Mundaú: molusco acaba indo parar na mesa dos baianos

ATRAVESSADORES LEVAM SURURU DE ALAGOAS PARA A BAHIA

Marisqueiros contam contam que cada quilo do produto é vendido por R$ 14 aos “pombeiros”, como são chamados os atravessadores

Por Hebert Borges | Edição do dia 20/11/2020 - Matéria atualizada em 20/11/2020 às 04h00

Das mãos que mergulham fundo até a lama, passando pelas que despinicam, o sururu de capote, “ouro” da Lagoa Mundaú, tem terminado nas mãos de atravessadores que o levam para a Bahia. A Gazeta de Alagoas percorreu a comunidade que leva o nome do molusco e ouviu as pessoas que moram e trabalham à margem, da lagoa e da sociedade. Era fim de tarde quando Alcione Santos da Silva, 43, Adeilton Palmeira da Silva, 39 e Marcela Maximila Vilar, 24, estavam limpando uma pilha de sururu em frente ao barraco de Adeilton e Marcela. Ele conta que cada quilo do produto é vendido por R$ 14 aos “pombeiros”, que é como são chamados os atravessadores que compram o produto. “Eles que dizem o preço e todo mundo vende. Eu acho que o sururu deveria era ser caro igual a carne”, opina. O principal destino destes atravessadores é a Bahia, segundo o grupo. “Se tiver todo dia, eles passam todo dia e levam. Lá na Bahia não tem, não tem como o sururu daqui”, diz Alcione Santos. A marisqueira conta que são muitos atravessadores e que eles tabelam o preço. Palmeira conta que os “pombeiros” são os principais compradores do material porque a venda direta ao consumidor maceioense não é tão forte. Outro fator que coloca os atravessadores como principal opção para os marisqueiros é a comodidade. “A gente já cata e limpa sabendo que vai vender tudo”, diz Marcela Vilar. As marisqueiras contam que compram o sururu aos canoeiros, a unidade de medida usada é uma lata de 18L e cada unidade custa R$ 5. “É um preço que também é tabelado”, conta um canoeiro que não quis se identificar. Ele diz que toda a dinâmica do sururu é conduzida pelos “pombeiros”. “Eles que dizem o preço, mas a gente não sabe por quanto eles vendem lá foram”, critica. O principal questionamento de quem faz parte desse ciclo é em relação à transparência nas negociações. “A gente não tem noção de quanto isso vale, as pessoas pagam o que querem. Tudo aumenta, só o sururu que o preço continua igual, pelo menos aqui pra gente”, pontua. Os moradores explicaram que a rota do sururu começa tarde da noite. Por volta das 23h os canoeiros entram na Lagoa Mundaú para iniciar os mergulhos, isso porque o molusco é retirado da lama que fica no fundo. Adeilton Palmeira conta que para conseguir tirar uma quantidade maior é preciso ir para as partes mais fundas da lagoa. “Quem mergulha no fundo consegue tirar até 60 latas, quem tira no raso tira umas cinco, seis”, detalha. Após a coleta no fundo da lagoa, os canoeiros lavam o sururu ainda na casca e repassam para as marisqueiras, isso acontece por volta de 5h. Do amanhecer até o fim da tarde elas despinicam o molusco, que consiste em retirá-lo da casca. Após esses procedimentos as marisqueiras esperam os “pombeiros” para levar o sururu.

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